INICIATIVA VAI REALIZAR-SE DE 6 A 10 DE JUNHO NA FREGUESIA

Ouve-se o som da gaita de foles e depressa se chega ao recinto onde estão os "panelões" de sopas a serem aprovadas para a participação da Feira do Vinho, em Junho, na Cordinhã. As sopas servem de pretexto aos vinhos da terra, cujos produtores já foram distinguidos da parte da manhã, num concurso que já se realiza desde há seis anos. Sopas e vinhos deram, no último fim-de-semana, o pontapé de saída à Feira do Vinho em Junho.

Se a manhã foi para as provas dos néctares dos produtores da terra, com Albino Costa a vencer nos brancos e Abílio Pires a arrebatar o primeiro prémio dos tintos, o final da tarde foi para apreciar as sopas que vêm da tradição dos lavradores da Cordinhã, pelas mãos das quatro associações participantes.

Do grão ao peixe. Sopa de grão com carne, trazida pelas mão das três "cozinheiras", Zulmira Reis, Isilda Grilo e Iria Póvoa, da Cordinharte; sopa camponesa, a sugestão da Associação Recreativa e Cultural de Ourentela, com Clara Estanislau à espera de ficar, este ano, em primeiro lugar; sopa aporcalhada, a campeã que o grupo de jovens "A Estrela que brilha" foi buscar às receitas das avós; e a sopa de peixe, do Rancho Folclórico "Os Lavradores da Cordinhã", que disputam o primeiro lugar com uma inovação de Simão Oliveira, o amigo pescador, que trouxe a especialidade de "pata roxa e tamboril", da Praia de Mira. A acompanhar, a broa caseira e os vinhos.

O festival das sopas é uma amostra, "o primeiro passo", da Feira do Vinho, em Junho, explica Adérito Machado, presidente da Junta de Freguesia da Cordinhã. "Isto é uma brincadeira, no sentido de que todos levamos isto a brincar, mas tem uma parte muito séria que é a de comermos bem, com qualidade, e também a de preservarmos e valorizarmos os sabores genuínos da região", afirma.

O autarca garante que, desde que a iniciativa começou, há seis anos, o "interesse pelos vinhos da Cordinhã tem aumentado e a qualidade acompanha este aumento da procura."

A gastronomia tradicional, muito assente da raiz dos lavradores, também ganha dimensão. São muitos os que em Junho "já vêm à Cordinhã à procura da batata à murro, do galo assado no forno, da sorda, o antigo prato dos pobres, que é agora apreciado por todas as classes sociais, o leitão, a chanfana ou a calça arregaçada", afirma, escusando-se a revelar o prato por detrás do nome. "Descobre-se se provar em Junho, na feira", diz Adérito Machado.

Tânia Moita

tania@jb.pt
Diário de Aveiro



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