Na última semana recordei o tipo de discurso político que me desagrada profundamente e que acho indigno. Parece que os ditos políticos pensam como no anúncio: "que estamos na parvónia, ou que somos todos parvos". Os protagonistas: A Sra. Ministra da Saúde e o Dr. Alberto João Jardim (AJJ).
Primeiro, a senhora ministra da Saúde, com um discurso redondo, pouco claro, sobre o fecho das Urgências de Anadia. Dá uma no cravo, outra na ferradura. Opta claramente por se moldar àquela máxima política terceiro mundista e inconsequente do "não me comprometas". Ao mesmo tempo que marca entrevistas com o Sr. Presidente da Câmara de Anadia, dando a sensação de que tudo está bem encaminhado, parece por outro lado apenas querer ganhar tempo com entrevistas aos jornais em que fala de um serviço aberto até às 24 horas (que, por sinal, já existe?). A vontade fica bem clara nas declarações proferidas pelos "impedidos"* ao seu serviço quando fazem visitas inconsequentes ao Hospital e apenas esclarecem que as negociações continuam. O fim é, claro, para mim, gravoso para Anadia, mas está decidido pelo Governo: não haverá mais em Anadia urgências 24h por dia. O que é lamentável é que andem às voltas e não tenham coragem para assumir a decisão, preferindo ludibriar o povo e os seus representantes.
O segundo caso foi na Madeira com o Dr. Jardim. Este personagem corajoso (córajóso na pronúncia madeirense), voluntarioso, empreendedor, estratega e com muitas qualidades políticas, de vez em quando, atira bojardas dignas apenas de arruaceiros e malcriados. Isto de dizer que os madeirenses da oposição na Assembleia Regional são um bando de loucos não lembra a ninguém e explicam porque houve o 25 de Abril. O crescimento económico e a evolução que se reconhece ao arquipélago não devem merecer este tipo de discurso desqualificador da oposição, até porque o respeito pelos antagonistas deve ser proporcional à vantagem eleitoral e afinal AJJ é o chefe do tal bando. Também me parece inacreditável que ninguém na República, tirando os visados, se tenha aborrecido. Não vi o presidente do PSD dizer nada, o primeiro-ministro comentar ou o palavroso Dr. Jaime Gama retirar uma palavra que fosse do seu anterior discurso. Mesmo Cavaco Silva preferiu falar em respeito mútuo.
O pior da política são atitudes inconsequentes, discursos redondos, a má educação e o tacticismo das respostas.