O cheiro é nauseabundo e contínuo desde há alguns dias e está a deixar comerciantes e moradores vizinhos da Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Mogofores desesperados. A Câmara Municipal de Anadia garante que a ETAR será desactivada dentro de um mês.

É um cheiro a fossas constante e que impregna habitações e comércios, deixando moradores e lojistas à beira de um ataque de nervos e constantemente a ligar para a Câmara Municipal de Anadia. A culpa, dizem, é da ETAR vizinha. "É insuportável. Até já penso em fechar a pastelaria porque nós não temos culpa, mas os clientes queixam-se do cheiro. Começa todos os dias por volta das seis da tarde e é toda a noite. Mantém-se aí até ao meio-dia", explica José Saraiva, proprietário de uma pastelaria no edifício das Lajes, praticamente contíguo à ETAR. "Já telefonámos dezenas de vezes para a Câmara para resolverem o problema e não fazem nada", desabafa.

Também António José, que possui um stand de automóveis no edifício desde 1999, refere que nunca sentiu o cheiro que, desde há 15 dias, anda no ar. "Já houve situações pontuais em que um dia ou outro se notava um cheiro desagradável, mas não como o que se tem sentido nestes últimos dias. Nem com esta intensidade, nem por um período de tempo tão grande", refere.

E para os moradores o cenário é ainda pior. "Quando temos as janelas fechadas, não se nota tanto, mas quando as abrimos entra aquela lufada de ar mal cheirosa", comentavam, entre uns e outros, os moradores da zona. "E já ontem de manhã se sentia o cheiro da EB 2/3 de Mogofores", adiantou ao Jornal da Bairrada Maria Isabel.

Etar desactivada. Litério Marques, presidente da Câmara de Anadia, reconhece o incómodo dos últimos dias, mas adianta que o mesmo ficará definitivamente resolvido, com a desactivação da ETAR. "Reconheço o problema dos moradores, mas peço que tenham alguma paciência porque a ETAR será definitivamente desactivada dentro de 30 dias", garante, referindo que a mesma nunca deveria ter sido edificada tão próxima do núcleo urbano.

O autarca adianta que a ETAR de S. João da Azenha está praticamente concluída, entrando já na fase de montagem do sistema de bombas, e que será esta a substituir todo o circuito de efluentes até agora recebido pela ETAR de Mogofores.

Até à desactivação, Litério Marques assegura que os serviços municipais procurarão identificar e resolver "o agente causador do desequilíbrio" e que está a provocar os maus cheiros.

A ETAR de Mogofores funciona com um sistema de tratamento por lagunagem, onde a água residual atravessa uma série de quatro lagoas e é das que, no concelho de Anadia, recebe menor caudal de afluentes, cerca de 346 metros cúbicos por dia.

Tânia Moita

tania@jb.pt
Diário de Aveiro