Foi a 17ª manifestação. Os protestos em Anadia, contra o encerramento do serviço de Urgências do Hospital local, foram retomados, no último sábado. Numa organização do Movimento "Unidos pela Saúde", saiu à rua um enorme buzinão que integrou mais de 80 viaturas que percorreram várias freguesias do concelho. Anadia não desiste da luta. José Paixão, porta-voz do "Movimento Unidos pela Saúde", defende que esta manifestação simboliza o "retomar do combate e dos protestos", na medida em que 25 dias depois da tomada de posse da ministra da Saúde, Ana Jorge, a população de Anadia continua sem resposta, no sentido de se retomar o diálogo para encontrar uma solução de consenso para o concelho. "Não vamos permitir que nos esqueçam e só desistiremos quando a nossa pretensão for aceite", defende José Paixão, alegando que a solução passa por um serviço de atendimento 24h/dia no Hospital, por forma a dar resposta cabal às necessidades da população. Quanto ao interregno de três semanas na contestação contra a política de Saúde, avança ter sido mais do que "suficiente", lamentando, contudo, que a única resposta, até agora, tenha sido um "enorme silêncio" e responsabiliza o primeiro-ministro, José Sócrates, pela inexistência de feed-back. "A nova ministra da Saúde está a cumprir orientações políticas do Governo, logo José Sócrates é o principal responsável", acrescenta, concluindo que a saída de Correia de Campos mais não foi do que uma acção de cosmética: "mudou-se o ministro, mas não a política". Paciência esgota-se. Presente no buzinão, o deputado anadiense na Assembleia da República, José Manuel Ribeiro, revelou que a autarquia de Anadia está a esgotar todas as possibilidades de contactos com o Governo, tendo solicitado (desde a tomada de posse de Ana Jorge) três pedidos de audiência com a nova ministra, sem obter resposta. Daí equacionar a apresentação, na próxima semana, no Plenário de um requerimento sobre a matéria, até porque, a título pessoal, no dia da tomada de posse do novo secretário de Estado da Saúde, transmitiu a sua preocupação e a necessidade do processo do Hospital de Anadia ser reavaliado. Como o retomar das conversações ainda não aconteceu, o deputado reconhece que a paciência de Anadia está a esgotar-se, sendo, portanto, legítimo o reinício dos protestos. Catarina Cerca catarina@jb.pt Diário de Aveiro |