UMA ÉPOCA QUE TEVE A SUA MARCA

Eduardo Veiga colocou um ponto final na carreira de piloto de Ralicross. A paragem não significa um ponto final na carreira desportiva. O piloto de Aguada de Baixo está a estudar propostas para outras modalidades na vertente automóvel, que não o Ralicross, onde se sagrou duas vezes campeão nacional.

Sobre o abandono da modalidade, Eduardo Veiga confessou que "é o reflexo de alguma saturação pelo facto de não aparecerem pilotos novos na modalidade, não existirem pistas novas, não existirem, no fundo, novos desafios, razão última da minha permanência em competição. Por outro lado, a FPAK não tem "acarinhado" as diversas modalidades do Offroad, estando mais preocupada com modalidades mais mediáticas ou, melhor dizendo, onde andam personalidades mais mediáticas".

Ao longo do seu percurso que começou em 1999, o piloto não esquece as vitórias e outros momentos vividos: "A prova de Kartcross de Sever do Vouga de 1997 na qual consegui ser o primeiro Campeão Nacional é talvez a mais marcante, até pela competitividade que teve esse campeonato. A prova do Europeu de Autocross de Murça, que dominámos desde os treinos e que, na final, na última curva a 50 metros da meta, se partiu um triângulo da suspensão, que me obrigou a fazer um pião, tendo ficado em segundo, quando toda a gente já festejava a primeira vitória de um português no Campeonato da Europa. Apesar de não termos ganho, a equipa ficou satisfeita por termos dominado os melhores pilotos do Europeu".

Para alcançar o estrelato, Eduardo Veiga teve atrás de si uma equipa que não se esquece: "Os três títulos que a minha equipa conseguiu devem ser analisados com duas ressalvas. Em primeiro lugar, comecei a correr com 32 anos. Quando comecei no Kartcross, o meu maior adversário tinha 16 anos, metade da minha idade. Por outro lado, a minha equipa, a quem quero agradecer todos os esforços que fizeram e, acredito, foram muitos, não é profissional. As nossas corridas eram preparadas depois de um dia de trabalho, sem conhecimentos técnicos, tantas vezes necessários em alta competição, e que, sabíamos, alguns colegas tinham. Por isso, penso que o Manuel Carvalho, Quim, Diniz, Victor, Fausto e a Cristina, cada um na sua arte, também foram campeões, pois para isso trabalharam, quantas vezes com sacrifício da vida pessoal".

Sobre o futuro, Eduardo Veiga disse: "Neste momento, tenho o SAAB 9.3 T16 à venda, estou a estudar propostas para outras modalidades, patrocinadores, formas de rentabilização de um investimento. Se tal não se vislumbrar, pararei. Sem dramas nem remorsos com a plena consciência de que uma época também teve a minha marca, e talvez seja altura de dar lugar aos mais novos".

Manuel Zappa

zappa@jb.pt
Diário de Aveiro



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