HÁ CASOS DE SUCESSO EM QUE IMIGRANTES CRIAM O SEU PRÓPRIO NEGÓCIO |
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Centro Local de Apoio à Integração do Imigrante de Aveiro (CLAII) já atendeu cerca de três mil pessoas, desde 2003, mas a integração enfrenta preconceitos de uma sociedade pouco habituada a acolher estrangeiros.
Os dados daquele centro, revelados no Encontro de Associações de Imigrantes, organizado pela Câmara de Aveiro, dão conta de que, por nacionalidades, os que mais procuram apoio institucional são os cidadãos de Leste, sobretudo ucranianos, seguidos dos russos.
Seguem-se os brasileiros e no fim da tabela estão os imigrantes africanos, que têm na região uma comunidade expressiva, principalmente de guineenses e angolanos.
Ajuda na regularização, contratos de trabalho e relações laborais, saúde, reagrupamento familiar e educação, são os principais motivos que levam os imigrantes a procurar os serviços.
Há casos de sucesso em que imigrantes criam o seu próprio negócio, mas o problema do emprego continua a ser a principal preocupação.
Amândio Figueiredo, vice-presidente da Associação Parceiros da Amizade, associa grupos de imigrantes de vários países que se encontram no distrito e dedica-se a apoiar os que chegam.
"O primeiro problema é sempre o emprego. Há quem se lamente pelos cantos, por ver postos de trabalho ocupados com imigrantes, mas o país tem de perder essa mentalidade fechada porque é hoje um país de acolhimento. Há um problema de conservadorismo: alguns olham para o imigrante como um estranho, que, se calhar, não trás nada de bom", observa.
Amândio Azevedo começa por dizer que "o acolhimento nem é mau" e que os imigrantes são bem recebidos em geral, havendo uma ou outra excepção", para salientar que "se o imigrante não for bem integrado pode amanhã gerar um foco de violência" e dar conta de que "muitos, sem trabalho, andam a deambular pela cidade".
Ao falar da actividade da Associação, que "vai debatendo as dificuldades de cada pessoa e de cada família e tentando ajudar", deixa as palavras de conveniência para fazer um retrato mais emotivo, com contornos de preconceito, sobretudo para com os africanos.
"Uma senhora guineense, formada pela Universidade de Aveiro, respondeu a um anúncio de emprego e quando a viram disseram-lhe que a vaga já estava ocupada. Alguém da Associação ligou e, afinal, a vaga estava por preencher. Num restaurante um papel anunciava que precisavam de empregada. A miúda foi lá e responderam-lhe que já tinham empregada, mas passados meses continua lá o papel”.
Os estudantes têm a mesma dificuldade para arranjar alojamento: o quarto já está alugado, ou pedem uma exorbitância que sabem não poder pagar. Agora, quando procuro que os ajudem, aviso sempre que a pessoa é de raça negra...", relata.
Os episódios são em excesso, mas, talvez para não causar melindres, Amândio Figueiredo responde que "não diria que há racismo, mas preconceito e ignorância".
A geografia dos imigrantes na zona de Aveiro é feita com facilidade: "a maior comunidade é a dos guineenses, seguida dos cabo-verdianos e angolanos, ao nível de África. Vivem sobretudo nos bairros de Santiago e do Griné, em Aradas e em azurva.
Nos países de leste a Ucrânia tem a comunidade mais numerosa e residem maioritariamente nas Gafanhas (Ílhavo) e em Águeda.
Pelos testemunhos que tem ouvido, aquele dirigente associativo conclui que a integração nos meios rurais, tidos por mais conservadores, é mais fácil do que nos meios urbanos, onde a concentração em bairros sociais dificulta a integração.
Quantitativamente é mais difícil ter a noção de como se distribuem os imigrantes pelo distrito:"poucos aproveitaram a legalização extraordinária porque, por falta de informação, receiam ser identificados e repatriados".
Devia ser feita uma maior aposta na informação porque há um número elevado de imigrantes clandestinos que receia a legalização", conclui.
Diário de Aveiro |
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