avisam que o autocarro não será igual a tantos outros que asseguram o transporte de pessoas. Mas é no interior que se percebe que os 50 lugares foram removidos para ceder espaço a prateleiras, terminais de computador, pequenos sofás como que numa espécie de mini-auditório. A Bibliomealhada, inaugurada na segunda-feira pela secretária de Estado da Modernização autárquica, Maria Manuel Marques, já percorre as estradas do concelho mealhadense. A governante aproveitou a cerimónia para incentivar a autarquia a incrementar o relacionamento com o munícipe, através das novas tecnologias. O serviço é inovador, sobretudo pelas potencialidades que o autocarro permite, desde a requisição de livros - da colecção "Uma aventura" a Nicholas Sparks ou Danielle Stiele, de José Saramago a Margarida Rebelo Pinto - cds, visionamento de filmes ou uso de dois computadores com acesso à Internet, mas não a ideia, admitiu Carlos Cabral, presidente da Câmara da Mealhada, recordando os tempos em que ele próprio ganhou o "vício da leitura", precisamente com a passagem semanal das viaturas da Fundação Calouste Gulbenkian. A ideia de há 40 anos modernizou-se e, depois de um trabalho de adaptação do autocarro a biblioteca, feito pelos próprios funcionários da autarquia, a Bibliomealhada já circula, até ao final do ano, pelas oito sedes de freguesia e, depois de Janeiro, por todas as povoações do concelho. O "exemplo da Gulbenkian foi relançado no concelho, para benefício dos 21 mil habitantes, mas vamos esperar que outros municípios façam o mesmo", afirmou o presidente da Câmara.
Para a secretária de Estado da Modernização Autárquica a biblioteca itinerante representa a possibilidade de ganhar mais pessoas - "jovens e idosas"- para as novas tecnologias. E o sucesso da iniciativa será medido pelo número de utilizadores. "Permite levar conhecimento à proximidade, levar as novas tecnologias da informação e comunicação (?), mas mais importante do que ter serviços modernizados é ter cidadãos que os saibam usar. (?) E o sucesso do serviço depende no número de utentes e da capacidade de se olhar permanentemente para o serviço e ver se este corresponde às necessidades de quem o usa", referiu Maria Manuel Marques.
A governante sublinhou ainda as potencialidades do uso utilitário dos terminais de internet para o munícipe e apelou a um esforço da própria autarquia no domínio das novas tecnologias. "Porque não permitir que o cidadão se relacione com a Câmara por esta via?", sugeriu aludindo à possibilidade de requerer formulários, emissão de licenças ou pagamentos de taxas pela internet.