Quarenta pessoas das ruas da Chã, Fontanheiras e Ribeira (Murta), na freguesia de Sangalhos, subscreveram um abaixo-assinado contra quatro cães, alegadamente "vadios e perigosos" que "têm vindo a fazer investidas e a atacar transeuntes no entroncamento daquelas três estradas." No abaixo-assinado a que tivemos acesso, enviado pela autarquia de Sangalhos à câmara municipal de Anadia, é explicado que, para além da situação se arrastar há mais de um ano, tanto o veterinário municipal, Carlos Gonçalves como os funcionários da câmara municipal já terão tentad0 levar dali os cães para um canil, mas sem sucesso. Tudo porque, como refere o documento, alegadamente "uma residente temporária da rua, embora diga que os animais não lhe pertencem, alimenta-os e pela noite acolhe-os". Os moradores que subscreveram o abaixo-assinado temem, sobretudo que a situação se agrave com o início de novo ano lectivo e com as muitas crianças que moram nestas ruas a terem de passar a pé no referido local, onde os cães passam o dia. Uma vizinha avança mesmo que "é um problema. Os miúdos saem da escola e chegam aqui os cães começam a rosnar e eles nem sabem se hão-de andar para a frente ou para trás. Daí que algumas pessoas optem (quando têm que se cruzar com os cães) de levar na mão um pau, um guarda-chuva ou outro objecto para se defenderem," acrescentou. O autarca, Sério Aidos lamenta o arrastar da situação, avançando ter feito tudo o que estava ao seu alcance. "Fizemos o abaixo-assinado, contactámos o veterinário municipal, a própria GNR e oficializamos, por escrito, à câmara municipal de Anadia", disse, acrescentando tratar-se de uma situação complexa, na medida em que "a moradora, que alimenta os animais não os reconhece como seus. Já lá fui e tirei fotos aos cães que andam dentro e fora da casa. Mas ainda não conseguimos nada." Veterinário preocupado. Também o veterinário municipal se mostrou preocupado com toda a situação que tem vindo a acompanhar há já algum tempo. Carlos Gonçalves diz mesmo que "a situação é tanto mais grave quanto existe neste tipo de animais o problema da falta de vacinação e desparatização, podendo constituir um problema para a saúde pública, para além da agressividade dos mesmos que pode pôr em risco a segurança das pessoas". Segundo o veterinário, existem duas hipóteses: ou a moradora assume, por escrito, perante a GNR, os animais como seus e os acolhe dentro de casa, registando-os, vacinando-os e tratando deles ou então a GNR terá de tomar uma posição, ou seja, retirar os animais da rua, levando-os para um canil municipal. Fonte da GNR revelou também que a situação é tanto mais complicada quanto é verdade que a autarquia anadiense não possui canil municipal, acrescentando, contudo que de qualquer forma, a Câmara também ainda não terá participado à GNR este caso do abaixo-assinado. Acrescente-se ainda que o Decreto-Lei n.º 276/2001 de 17 de Outubro prevê, no Artigo 19.º "Normas para a recolha, captura e abate compulsivo" que a Direcção Geral de Veterinária pode determinar a recolha (...) de animais de companhia, nomeadamente de cães e de gatos, sempre que seja indispensável, nomeadamente, por razões de saúde pública, de segurança e de tranquilidade de pessoas (...) e, ainda, de segurança de bens. Apesar dos esforços, JB não conseguiu contactar a moradora que abriga os animais. Catarina Cerca catarina@jb.pt Diário de Aveiro |