"A Pateira de Fermentelos, em Águeda, está literalmente abandonada. Imagine que até a famosa ceifeira de jacintos desapareceu das águas da maior lagoa artificial da Península Ibérica". A afirmação é do presidente da Junta de Freguesia de Fermentelos, que se lamenta pelo facto do presidente da Câmara Municipal de Águeda "andar um bocado descuidado".
"Nunca mais vi o presidente. O problema é que, quando acordar, já é tarde demais e o trabalho proveitoso que a ceifeira fez já está dado como perdido", afirma Amílcar Lemos Dias.
O autarca diz desconhecer os motivos que tenham estado na origem da transferência da ceifeira para o Rio Vouga, mas "faz muito mais falta aqui na Pateira, onde está o problema, do que no Vouga".
Amílcar Lemos argumenta que a zona das ínsuas, onde o peixe recria, continua a deteriorar-se sem que nada seja feito. "Sabemos que é uma intervenção muito onerosa e que custará certamente muitos milhões de euros, mas continuamos à espera", acrescenta o autarca.
O presidente da junta recorda que os jacintos ainda se encontram num período de reprodução e que é nesta mesma altura que a máquina devia continuar a efectuar a limpeza da zona.
Por seu lado, Gil Nadais argumenta que "o presidente da Junta de Freguesia de Fermentelos é que anda perdido e já troca o nome dos rios", clarificando que "efectivamente a ceifeira não está na Pateira, mas encontra-se no Rio Águeda, estando previsto o seu regresso para a Pateira dentro de dias".
"Neste momento, o nível de água na Pateira é muito baixo e não permite uma boa operacionalidade da ceifeira", justificou Gil Nadais.
Recorde-se que o jacinto é uma planta aquática que se reproduz por sementes e por rebentos. Oriunda da América do Sul, principalmente da bacia do Amazonas, foi introduzida em Portugal como planta ornamental nos anos trinta. O processo de reprodução assexuada confere uma notável agressividade e uma só planta pode originar uma nova planta em duas semanas.
Isto equivale a dizer que num período vegetativo, - de 15 de Março a 15 de Novembro - dez plantas podem originar mais de meio milhão. Estas características biológicas do jacinto de água explicam a sua célere expansão e densidade.
Já a ceifeira aquática, adquirida pela Câmara Municipal de Águeda a uma empresa canadiana, entrou, no dia 13 de Dezembro de 2006, em funcionamento com o objectivo de recolher os jacintos aquáticos.