ÁREA ARDIDA TERÁ SIDO A MENOR DAS ÚLTIMAS DÉCADAS

A fase "Charlie", que compreendeu os três meses de maior risco de incêndios florestais, termina hoje com um balanço que tudo indica aponta para a menor área ardida nas últimas décadas.

Embora não tenham sido divulgados ainda os dados referentes ao período entre 01 de Julho e hoje, a baixa do número de fogos com dimensões consideráveis e os levantamentos apresentados mensalmente indicam valores de floresta destruída muitos mais baixos que nos últimos anos.

Entre Janeiro e o final de Agosto, por exemplo, a área ardida foi de 12.275 hectares, a que corresponde apenas 7,3 por cento da média registada no mesmo período dos últimos cinco anos, de acordo com a Direcção-Geral dos Recursos Florestais (DGRF), que deverá apresentar dentro de uma semana um balanço definitivo.

Também o número de fogos detectado ficou-se pelos 38,6 por cento relativamente à média referida anteriormente.

Para o presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP), a extensão de florestas e matos ardida este ano em Portugal foi a mais baixa desde que começaram a ser contabilizados os efeitos dos fogos em Portugal, há 27 anos.

“A soma das ocorrências registadas este ano aponta para números só com paralelo há 15 anos atrás”, acrescentou Duarte Caldeira, igualmente sem citar números, ainda por apurar na globalidade pela Direcção-Geral dos Recursos Florestais.

As “condições climatéricas extremamente favoráveis” são apontadas entre as principais razões para esta descida nas consequências do fogo no espaço rural, explicou, nomeadamente por evitarem a propagação dos incêndios.

Dados do Instituto de Meteorologia, ainda segundo o presidente da Liga, indicam que este Verão teve as “temperaturas médias mais baixas dos últimos 20 anos”, a que acresceu a elevada pluviosidade já durante a mesma estação, contribuindo para “manter elevados índices de humidade no solo”, factor que constitui um obstáculo ao fogo.

A aposta “decisiva” na primeira intervenção contra os incêndios ainda em fase nascente, delineada em 2005 e iniciada na prática em 2006, terá sido outro aspecto que começou a dar resultados este ano, na opinião de Duarte Caldeira, que aponta também a melhoria do desempenho dos elementos de comando nas acções de combate aos fogos.

A melhoria da formação e a maior interactividade entre os diversos agentes envolvidos (bombeiros e forças de segurança, entre outros) nas operações é outro factor valorizado pelo presidente da Liga, organismo que agrega as 435 corporações de bombeiros existentes no país e que dispõem de um contingente que totaliza 38 mil elementos, entre voluntários e profissionais.

Por último, Duarte Caldeira está convencido que ocorreu "uma alteração no comportamento dos cidadãos", que deve ser alvo de estudo e que aparentemente passaram a ser mais cautelosos.

Apesar da diminuição significativa do número de fogos, o dirigente da LBP considera que o “carácter explosivo da floresta portuguesa” não se alterou nos últimos dois anos.

“Não devemos ser triunfalistas. A floresta portuguesa continua a ser um problema”, alerta.
Diário de Aveiro


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