CINCO FERIDOS FICARAM UMA HORA NA ESTRADA |
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O presidente do organismo que tutela as corporações de bombeiros anunciou que vai propor a realização de um inquérito para “clarificar” por que motivo cinco feridos num acidente numa auto-estrada ficaram uma hora no local do desastre.
Duarte Caldeira, presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP), referia-se à situação ocorrida no nó das Talhadas, na auto-estrada A25, onde cinco feridos de um despiste estiveram uma hora à espera para ser transportados e chegaram a ser mudados entre ambulâncias por desentendimentos sobre quem devia fazer o socorro.
“É importante esclarecer o que se passou, para que não se repita”, acentuou, acrescentando que os factos que conhece indicam que o que se passou foi o accionamento de meios com duas origens diferentes: em Aveiro e em Coimbra.
Caldeira disse que se trata de um “caso de estudo”, uma situação “inaceitável” que deve “levar a reflectir sobre o planeamento” do socorro de emergência.
Já para Cunha Ribeiro, presidente do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), entidade que gere o socorro e os meios disponibilizados pelos bombeiros, os dados de que dispõe ainda não são suficientes para se pronunciar sobre o assunto.
“Pelo que li nos jornais, um corpo de bombeiros ter-se-ia recusado [a prestar o socorro] por questões de pagamento”, disse Cunha Ribeiro, salientando, no entanto, não acreditar “que isso tenha acontecido, por uma razão técnica ou administrativa”.
Cunha Ribeiro falava no final da cerimónia de assinatura do acordo que actualizou os subsídios para as ambulâncias dos bombeiros, realizada hoje no Ministério da Saúde, em Lisboa.
“Seria incompreensível que isso acontecesse”, sustentou o responsável, que promete ainda para hoje “dados completos sobre a situação”.
Em declarações à agência Lusa, o comandante dos bombeiros de Albergaria-a-Velha, José Bismark, considerou hoje que houve um "conjunto de factores que não foi bem avaliado pelo CODU [Centro de Orientação de Doentes Urgentes] de Coimbra".
Segundo relatou, a deslocação dos bombeiros de Albergaria-a-Velha foi inicialmente validada pelo CODU de Coimbra, que depois suspendeu essa autorização por entender que deveriam ser os Bombeiros de Sever do Vouga a acorrer ao acidente.
"Para sairmos para uma situação temos de ter autorização para estar no sistema de socorro. Depois de ter dado essa autorização, o CODU recusou a nossa entrada no sistema", disse.
"Essa recusa foi dada com a justificação de que existe um plano de emergência para a zona que nós desconhecemos e que prevê que sejam chamados outros meios", acrescentou.
José Bismark contou ainda que quando o CODU suspendeu a deslocação, os bombeiros já se encontravam a caminho e, dado tratar-se de uma auto-estrada, passaram pelo local do acidente quando voltavam para trás e decidiram parar para prestar auxílio.
"Quando parámos fizemos um relatório para o CODU de Coimbra e foi recusada autorização para entrar no sistema de socorro", insistiu.
José Bismark sublinhou que se tratava de um acidente de "gravidade reduzidíssima" e que não foi posta em causa a segurança dos sinistrados.Diário de Aveiro |
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