Robots "repetentes" e "caloiros" estiveram anteontem a prestar provas na Universidade de Aveiro, no concurso Micro-Rato que reuniu equipas de estudantes de vários pontos do país. Joaquim Fonseca e João Taborda foram dois dos estudantes que formaram uma equipa para a prova do micro-rato, sem grandes expectativas quanto a prémios. "Somos caloiros na competição e este ano viemos só para aprender e ver como é", confidenciaram à Lusa os dois alunos do terceiro ano da licenciatura em Engenharia de Computadores e Telemática da Universidade de Aveiro. Os dois alunos apresentaram um robot disponibilizado pelo Departamento da Universidade e começaram a preparar a prova há cerca de três semanas, nos tempos livres. Bastante diferente era a postura das duas equipas da Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Águeda, que assumiam o favoritismo com grande convicção. Marco Silva e Miguel Cardoso são dois "repetentes" no Micro- Rato e no ano passado obtiveram o primeiro prémio, o que lhes deu elevados níveis de confiança para a prova deste ano. Na sua equipa, a "Miav", só Nuno Neves é um estreante, entusiasmado pelo "palmarés" dos colegas. "Esperamos ganhar outra vez e se não formos nós é a equipa do 'papa-migalhas`, também de Águeda, que no ano passado ficou em segundo lugar", prognosticou à Lusa Marco Silva. A avaliar pelo desempenho do robot "papa-migalhas" logo na primeira manga, em que fez uma prova rápida e sem percalços, deixando o "Feijoas" e o "côdeas" a "olhar para o farol", é bem possível que a classificação final lhes venha dar razão. A "Miav" apresenta-se na competição com um robot próprio, que demorou cerca de ano e meio a construir e roubou muitas noites ao convívio académico. "Isto é o concurso do Micro-Rato e como o nosso é dos melhores só pode ser o gato", comentou um dos membros da equipa. Mais irreverentes do que presunçosos, os membros da equipa explicam que vieram ao concurso não tanto para ganhar, porque já têm o troféu do ano passado, mas sobretudo "para ver os outros robots e conviver". "Aprende-se muito e trocamos ideias", explicou Miguel Cardoso. "Firebot" e "NTR" são as duas formações do Núcleo da Guarda da Associação Portuguesa de Sobredotados, estreante na prova de Aveiro, mas com credenciais em provas de robótica. Advertiram de que estavam com "alguns problemas técnicos de última hora", antecipando a má prestação de um dos seus robots, que ficou imobilizado no ponto de partida e lamentaram-se do pouco tempo de preparação. Procuram "estar em todas" e a vinda ao Micro-Rato foi "só para participar a primeira vez", já que as atenções de Tiago Caldeira, Carlos Martins, Tiago Gonçalves e Samuel Nunes, estão agora concentradas no mundial de Atalanta, que se vai realizar de 1 a 7 de Julho, para o qual conseguiram o apuramento no Algarve. Com uma assistência entusiasta, composta maioritariamente pelas claques das diferentes escolas participantes, o Micro-Rato disputou-se em séries de três, meia-final e final, tendo por objectivo fazer um percurso por um labirinto, até a um "farol" e regressar ao ponto de partida. Os robots em competição, que são programados pelas equipas, mas completamente autónomos, sem telecomando, têm de evitar os obstáculos e os adversários, ao longo da prova, sob pena de penalização. Cerca de duas dezenas de equipas, oriundas de Aveiro, Águeda, Porto, Trancoso e Guarda, disputaram o Concurso Micro-Rato de 2007, na Universidade de Aveiro, sendo este ano, pela primeira vez, toda a competição organizada pelos estudantes. O Concurso Micro-Rato nasceu em 1995 por iniciativa de alguns docentes do então Departamento de Electrónica Telecomunicações (DET), convencidos de que poderia constituir um factor de motivação e de complemento de formação para os alunos do departamento. O êxito da iniciativa levou ao aparecimento de várias actividades congéneres, em diversos pontos do país, baseadas na utilização da robótica para fins didácticos nos mais variados níveis de ensino.Diário de Aveiro |