PJ DETECTOU UM ENGENHOSO ESTRATAGEMA USADO PELA REDE

Quatro italianos vão ser julgados no Tribunal de Aveiro acusados da introdução em Portugal de automóveis de luxo furtados em Itália, com duplicados das chaves obtidos na Alemanha, que depois eram legalizados na Alfândega de Aveiro.

Os quatro italianos envolvidos, António Condemi e Armando Baggio, apontados como "cérebros" da rede internacional de viciação de automóveis, e Vittorio Cocimano e Luciano Mocellini, têm julgamento marcado pelo Tribunal de Aveiro para 10 de Abril, mas já se encontram detidos em cadeias italianas e alemãs, por crimes de idêntica natureza.

Uma investigação levada a cabo pela Inspecção de Aveiro da Polícia Judiciária (PJ) detectou um engenhoso estratagema usado por aquela rede, que actuava em Itália, Alemanha e Portugal e que consistia na obtenção de duplicados das chaves dos carros a viciar, junto das marcas.

As viaturas de topo de gama, das marcas Mercedes, Audi e BMW, eram roubadas em Itália e vendidas através da Alemanha e depois legalizadas em Portugal, nomeadamente na Alfândega de Aveiro, com documentos forjados, embora alguns impressos fossem verdadeiros.

O "negócio", desenvolvido pelos quatro italianos, levantou suspeitas à Alfândega de Aveiro quando o livrete e registo de propriedade apresentados para legalizar uma viatura corresponderam a uma informação internacional de documentos furtados.

Comunicada a suspeita à PJ, esta veio a apreender várias viaturas, que haviam sido vendidas por um comerciante de automóveis português, que desconheceria a real proveniência e a viciação dos carros.

O comerciante português deslocava-se regularmente à Alemanha para adquirir automóveis usados, tendo sido contactado pelos "fornecedores" italianos, que acabaram por o lesar em somas consideráveis, já que as viaturas apreendidas foram devolvidas às respectivas seguradoras.

Os italianos faziam as propostas ao comerciante português, indicando a marca, modelo, cor e ano do carro a fornecer.

Uma vez fechado o negócio e depois de obterem os duplicados das chaves na Alemanha, os automóveis eram furtados em Itália e levados para um armazém, onde alteravam os números dos chassis e as matrículas.

Vinham depois de camião para Portugal, acompanhados de documentação preenchida a preceito, também ela furtada, ou mesmo forjada como era o caso das declarações de venda e de reconhecimento notarial e de certificados de conformidade das viaturas.

Já em Portugal, o processo de legalização era feito pelo comprador junto da Alfândega de Aveiro, alegadamente sem suspeitar a origem fraudulenta, e os carros recebiam depois matrícula portuguesa atribuída pela Direcção Geral de Viação.

Durante a investigação, a Polícia Judiciária de Aveiro detectou sete automóveis nessas circunstâncias, um dos quais foi apreendido ainda no stand, enquanto os outros já tinham novos proprietários.
Diário de Aveiro



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