Ser Pai. Uma experiência única para uns, um sonho difícil de concretizar para cerca de 25% dos Homens.
A infertilidade masculina é, cada vez mais, uma realidade presente na vida de alguns casais.
As causas são múltiplas, sendo uma delas a falta de mobilidade dos espermatozóides.
Para os Homens que sofrem desta patologia, o Centro de Biologia Celular da Universidade de Aveiro (UA) traz agora algumas esperanças com os resultados optimistas já obtidos numa investigação que vem aprofundando o conhecimento sobre as proteínas envolvidas nessa função.
O projecto tem ainda por objectivo facilitar o desenvolvimento de um contraceptivo oral para Homens.Muitos factores influenciam a fertilidade de um casal: idade do homem e da mulher, frequência e técnica do coito, uso de lubrificantes vaginais, poluição, coexistência de algumas doenças, várias causas específicas de infertilidade e outras tantas desconhecidas.
O Laboratório de Transdução de Sinais do Centro de Biologia Celular da UA, pioneiro na investigação em torno da estrutura molecular dos mecanismos de transdução de sinais no espermatozóide, pretende dar o seu contributo, especificamente, na resolução de problemas relacionados com a sua mobilidade, como explica o Professor Edgar Cruz e Silva, responsável pelo projecto. «A infertilidade afecta um número crescente de indivíduos, pensando-se que defeitos na mobilidade do esperma sejam um factor importante em muitos casos. Novas abordagens bioquímicas e moleculares têm revelado importantes detalhes do controlo da mobilidade dos espermatozóides e da (in)fertilidade, em várias espécies de mamíferos.
Assim, o foco principal da nossa investigação tem incidido sobre o papel que a proteína PP1 tem na integração das acções de diversos mediadores na modulação da mobilidade dos espermatozóides e na (in)fertilidade.
Temos vindo a desenvolver um trabalho de caracterização da regulação bioquímica das suas funções, nomeadamente ao nível das bases moleculares da mobilidade do esperma em relação a complexos de sinalização de PP1 e ao seu papel na (in)fertilidade.
Entretanto, descobrimos que existem outras proteínas, reguladoras da PP1, que, provavelmente, serão o alvo terapêutico mais adequado para abordar estes problemas. Algumas destas proteínas, previamente desconhecidas, foram descobertas e caracterizadas na UA». Concretamente, é seu objectivo identificar e caracterizar as moléculas que estão envolvidas no controlo da mobilidade da cauda do espermatozóide, como funcionam e quais são os sinais celulares que controlam o desenvolvimento deste movimento, como refere o investigador. «Em experiências quejá realizámos, verificamos que substâncias inibidoras de PP1, aumentam dramaticamente a mobilidade dos espermatozóides. Por isso, acreditamos que o que acontece ao longo do seu trajecto desde o canal reprodutor masculino para o feminino está relacionado com a actividade da PP1. Pensamos que ao compreender como é que a PP1 afecta a mobilidade, onde e sobre que proteínas é que actua na cauda do espermatozóide, isso pode ser útil do ponto de vista clínico e terapêutico». Diário de Aveiro |