AMBIENTES, ALERGIAS, CRIANÇAS E NÃO SÓÓ

O imunoalergologista Pedro da Mata defendeu ontem a necessidade de "uma cultura preventiva para evitar o agravamento das doenças alérgicas", nomeadamente nas escolas.

Falando na conferência "Ambientes, Alergias, Crianças e não sóÓ", organizada pela Universidade de Aveiro, Pedro da Mata destacou o papel que os professores podem desempenhar, ao actuarem como elementos "paramédicos", procurando retirar do ambiente escolar os factores responsáveis pelas alergias.

"Hoje, em cada vinte alunos, quatro são alérgicos, o que se reflecte no rendimento escolar", referiu, apontando um conjunto de sintomas a que os futuros educadores devem estar atentos.

Saber a que é que as pessoas são alérgicas é um dado essencial que pode ser obtido pela realização de testes cutâneos.

A qualidade do ar interior é um factor relevante, já que as pessoas passam 80 por cento do tempo no interior dos edifícios, que cada vez mais pecam por falta de ventilação.

O aumento da temperatura interior, por razões de conforto, pode também contribuir para as alergias, nomeadamente aos ácaros, que encontram como condições ideais uma temperatura entre os 22 e os 26 graus e 55 por cento de humidade.

Os animais de estimação dão também o seu contributo, segundo Pedro da Mata, que referiu que 30 por cento dos asmáticos alérgicos têm gato em casa.

Os espaços interiores são um "cocktail" de substâncias e produtos capazes de provocar ou desencadear doenças alérgicas, como os ácaros, o fumo do tabaco, as bactérias, os campos electromagnéticos, os compostos orgânicos voláteis (tintas e colas), os fungos e bolores e os insectos, entre outros.

Dirigindo-se a uma assistência maioritariamente constituída por futuros professores, Pedro da Mata defendeu que se ensinem as crianças "a terem medidas preventivas e que se eduquem, mediante iniciativas lúdicas, a interagir com a qualidade do ar".

A conferência foi organizada em parceria com a Associação Ambiente e Alergias para a Promoção e Protecção da Saúde (Infantasma), que existe desde Maio de 2005 e pretende tratar das alergias nas escolas portuguesas.

Desde a sua criação, a Infantasma já analisou oito escolas, que vieram a melhorar significativamente a situação com as soluções encontradas e propostas pela Associação.

Por forma a melhorar as condições dos estabelecimentos de ensino para o bem-estar das crianças, a Infantasma, através de uma equipa de técnicos especializados, elabora um pormenorizado relatório onde identifica os diferentes problemas alérgicos da escola em questão, que podem estar relacionados com poluição química, física ou biológica.
Diário de Aveiro



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