O presidente da Câmara Municipal de Cantanhede, João Moura, não se conforma com o relatório final da Comissão Técnica de Apoio ao Processo de Requalificação das Urgências que “sinaliza” o encerramento das urgências do Hospital de Cantanhede e por isso solicitou já ao Ministro da Saúde uma audiência, com carácter de urgência, “no sentido de lhe manifestar de viva voz as razões que fundamentam a posição da câmara” quanto à defesa da manutenção daqueles serviços. “A indiscutível utilidade do serviço de urgência” Contrariamente àquela Comissão o edil cantanhedense pensa que explanou na carta para o Ministro da Saúde argumentos bastantes que demonstram a utilidade de um Serviço de Urgência Básica no Hospital de Cantanhede, e, como o processo de requalificação passou para o campo estritamente político, “o que o município de Cantanhede deseja é que o senhor Ministro da Saúde decida o melhor para o país sem pôr em causa os superiores interesses da população de Cantanhede”, conforme se lê no comunicado emitido pela presidência da Câmara a que o Jornal da Bairrada teve acesso. Desde cedo a câmara procurou contraditar as ideias do Ministério, procurando sempre demonstrar “a indiscutível utilidade do serviço de urgência do Hospital Arcebispo João Crisóstomo, não só no que diz respeito ao acesso de doentes e sinistrados do município de Cantanhede e de outros concelhos limítrofes a cuidados médicos em tempo útil mas também, do ponto de vista económico” e agora afirma o presidente da edilidade, “com tristeza”, que o relatório nada acrescentou ao que constava da primeira versão e que “é incompreensível” que não tivessem sido tidas em conta na versão final desse estudo as alegações apresentadas pelo município de Cantanhede para justificar a manutenção do serviço de urgência. Ou seja: “as razões invocadas por esta autarquia, alicerçadas nos dados obtidos na cuidada avaliação nas variáveis deste processo parecem ter sido liminarmente ignoradas, o que, salvo melhor opinião, constitui uma inaceitável falta de consideração para com uma entidade que representa uma população que ultrapassa os 40 mil habitantes”. É afirmado neste mesmo documento, e reforçando o que foi escrito na carta dirigida ao Ministro da Saúde em 12 de Janeiro último, que o Hospital “tem todas as condições para dar resposta às exigências de um Serviço de Urgência Básica (SUB). Serviços mais baratos O que se torna incompreensível para a edilidade e para a população é que, depois de feitas profundas obras de beneficiação cujo investimento ascendeu a 4 milhões de euros, requalificando a urgência, ao mesmo tempo que passou a dispor de salas de admissão de doentes, de triagem, de reanimação, de consulta, de tratamento e de observações, urgência interna e meios auxiliares de acção médica, indicados para o serviço de urgência, venha a ser dada esta machadada. Por sua vez, ao nível dos equipamentos instalados nestes mesmos espaços é de referir a existência de raio-X de última geração num investimento de 150 mil euros, laboratório de análises, electrocardiografia, bem como desfibrilhador, ventilador e carro de emergência. Por outro lado, a urgência do Hospital, além de servir 19 freguesias e um total de 168 povoações, serve ainda vastas áreas de concelhos vizinhos num universo total de mais de 60 mil habitantes. “Por isso, é absolutamente indispensável para garantir à população da região de Cantanhede o acesso a uma urgência em tempo útil, sendo também fundamental para assegurar apoio médico permanente na unidade de cuidados continuados”. Ora, no entendimento do presidente da Câmara, um Serviço de Urgência Básica poderá servir de unidade de apoio aos Hospitais da Universidade de Coimbra, “descongestionando o seu serviço de apoio como agora acontece”. É que esta situação ainda vai agravar mais com o encerramento do SAP da Mealhada e a urgência de Anadia, que canalizam 186 urgências diárias para aqueles Hospitais a que poderão somar-se as 110 do Hospital de Cantanhede. Mas João Moura vai mais longe e faz contas, afirmando que o custo por urgência por Hospital Central, como é o caso dos HUC, é de 143,50 Euros, enquanto no Hospital de Cantanhede, segundo a administração, se fica em 42,25 Euros.Diário de Aveiro |