TEM AINDA ESPERANÇAS DE ALCANÇAR O 3º LUGAR

O presidente da Venezuela, Hugo Chavéz, foi domingo reeleito para mais novo mandato de seis anos em eleições que decorreram sem incidentes e nas quais uma candidata luso- descendente, com raízes na Mamarrosa, Oliveira do Bairro, obteve pelo menos o quarto lugar entre 14 concorrentes.

De acordo com os primeiros resultados oficiais parciais, divulgados pelo Conselho Eleitoral, quando estavam escrutinados os resultados em 78 por cento das assembleias de voto, Chavéz tinha 61 por cento dos votos, contra 39 por cento do seu principal rival, Manuel Rosales.

A candidata luso-descendente Venezuela Portuguesa da Silva ficou em quarto lugar, mas ainda tem esperança em conseguir atingir o terceiro lugar, quando estiver terminado o apuramento dos cotos em todas as assembleias.

Horas depois do primeiro anúncio de resultados, Hugo Chavéz proclamou a vitória, afirmando que "o socialismo é o reino do futuro venezuelano".

Chavéz reivindicou o triunfo sobre Manuel Rosales perante milhares de apoiantes concentrados frente ao que Chavéz tinha designado de "varanda do povo", e que agora rebaptizou de "varanda da vitória", no palácio presidencial de Miraflores.

"O reino de amor e de paz de Cristo é o reino do socialismo, o reino do futuro venezuelano", afirmou Chavéz, que classificou como "incomparável" o triunfo conseguido pela "revolução bolivariana".

"Hoje começa uma nova era no projecto de desenvolvimento bolivariano (Ó) que terá como força central e fundamental o aprofundamento, ampliação e expansão da revolução bolivariana, da democracia revolucionária, na via venezuelana para o socialismo", acrescentou.

Hugo Chavéz reconheceu o carácter democrático dos sectores de oposição que participaram nas eleições presidenciais, as quais, segundo os observadores, decorreram em clima de tranquilidade e uma boa afluência de eleitores.

"As minhas palavras de reconhecimento aos que votaram noutra opção, pelo seu carácter democrático", disse, afirmando esperar que a oposição esteja à altura do povo venezuelano e se junte ao esforço de construção da nova democracia.

Manuel Morales demorou mais horas a reconhecer a derrota, mas sublinhou que a diferença que o separou de Hugo Chavéz foi menor do que a anunciada pelo Conselho Eleitoral.

"Começámos a luta pela construção de um novo futuro", destacou Manuel Rosales, destacando que a sua candidatura tinha permitido "restabelecer a esperança" e conduzir à "construção de uma alternativa, de uma Venezuela para todos".

"Triunfaremos democraticamente", prometeu.

Manuel Rosales prometeu que começava agora mesmo a luta política para manter o capital de votos conseguido e fortalecer um projecto alternativo ao de Chavéz.

"Hoje iniciámos a luta pela construção de um novo tempo para a Venezuela. Vou continuar na rua, lutando pelo povo, pela democracia e pela liberdade. Não é tempo de rendição, é tempo de continuar a lutar pela vida dos venezuelanos e pelas nossas ideias", prometeu.

"Encontrámos um país desmotivado, com os sonhos desfeitos, que tinha desistido de tudo, e restabelecemos a fé e conseguimos uma força alternativa que torna possível a Venezuela que todos quisemos" afirmou.

Essa tarefa tem ainda mais mérito por, explicou, ter sido alcançada frente ao poder, com todas as vantagens daí decorrentes.

"Depois de agradecer aos que votaram em si, Rosales reiterou que a alternativa de poder que personificou nestas eleições continua viva.

Quanto à candidata luso-descendente, Venezuela Portuguesa da Silva ficou em quarto lugar mas espera ainda conseguir o terceiro lugar, logo depois do principal candidato da oposição.

Segundo os dados provisórios divulgados pelo Conselho Nacional Eleitoral, numa altura em que estavam apurados 78,31 por cento, a candidata luso-venezuelana estava em quarto lugar, com 3.495 votos, entre 14 candidatos.

No terceiro lugar ficou Alfonso Reyes, com 4.132 votos.

"Apoio a decisão do povo e vou continuar a lutar pelo futuro deste país", disse Venezuela da Silva à Agência Lusa.

Segundo Venezuela da Silva, o civismo e alto índice de participação na jornada eleitoral "fortaleceu o sistema democrático".

Por outro lado disse confiar que quando todos os votos estiverem escrutinados subirá da quarta para a terceira posição.

Filha de um emigrante natural da Mamarrosa, Oliveira do Bairro, com 52 anos de idade, Venezuela da Silva, referiu com a sua candidatura "lançou uma semente que poderá servir de base para um projecto de país que pode ser aplicado por qualquer governante".

Apoiada pelo movimento Nova Ordem Social, recordou que aquela organização política foi criada em Agosto de 2006 e que "em tão pouco tempo conquistou um lugar na sociedade".

Na Venezuela vivem cerca de 400 mil portugueses e luso- descendentes, na sua maior parte oriundos da Madeira JPA/FPG.
Diário de Aveiro



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