O livro foi escrito em português e traduzido para as outras línguas oficiais nacionais: mirandês e Lingua Gestual Portuguesa.
Escrito nas três línguas oficiais portuguesas, o livro "Maria das pernas compridas/Marie de las piernas cumpridas", de Lurdes Breda, é lançado em Leiria no dia 24 para celebrar o Dia Internacional da Língua Materna.
Inspirado num regionalismo que significa chuva e que lhe serve de título, o novo livro da escritora conta com ilustrações de Cristina Ramos Sousa e, além do texto em português, está traduzido para mirandês por Alcides Meirinhos, da Associaçon de Lhéngua i Cultura Mirandesa.
O projeto é complementado com o livro em braille, audiolivro e vídeo-livro em Língua Gestual Portuguesa, estes últimos acessíveis "online" através de QR Code, num trabalho coordenado por Célia Sousa, no Centro de Recursos para a Inclusão Digital, da Escola Superior de Educação e Ciências Sociais, do Instituto Politécnico de Leiria.
Segundo a autora, "o livro compõe-se num único poema" que permite "partir à descoberta do ciclo da água" tendo como protagonista uma cegonha.
Aqui "o português serve como ponte para outras línguas maternas", neste caso, as nacionais: o mirandês, "língua materna de uma minoria, infelizmente", e "a Língua Gestual Portuguesa".
A tradução em mirandês procura não só a divulgação da língua, oficialmente reconhecida em Portugal desde 1998, como também "a defesa desse património".
"O mirandês é uma língua minoritária e cada vez mais as línguas minoritárias estão ameaçadas", lembrou Lurdes Breda, recordando dados que afirmam que a cada duas semanas há uma língua que se extingue "e com ela toda a herança linguística e cultural do povo que a falava".
"Maria das pernas compridas" procura assim defender o património linguístico português, mas encarando a língua portuguesa como ponte para outras culturas. "É uma espécie de viagem para outros falares, mesmo a Língua Gestual Portuguesa, é um falar com as mãos", resumiu.
De acordo com Lurdes Breda, esta viagem serve "como base para chegar aos outros, como língua também de tolerância, de aceitação, mas como defesa da nossa cultura. Da nossa identidade cultural, no fundo".
O multilinguismo, defendeu a autora, "é muito importante para as crianças, os jovens, e não só, adquirirem outras competências".
Para ser ainda mais acessível e inclusivo, haverá versão em braille, que será distribuído por algumas instituições e mostrado "para sensibilizar o público".
"Maria das pernas compridas / Marie de las piernas cumpridas" é lançado no Moinho do Papel, em Leiria, no dia 24, às 16h00, assinalando o Dia Internacional da Língua Materna, instituído pela UNESCO e reconhecido pela ONU como o dia 21 de fevereiro.
Fonte: RR
Diário de Aveiro |