Um projeto com marca aveirense venceu o prémio inovação atribuído pela agência nacional de inovação.
O “GermIrrad” assenta num robô autónomo para desinfeção de espaços públicos, através de radiação ultravioleta e soluções químicas inócuas.
Num mundo cada vez mais urbanizado e interconectado apresentam-se vários desafios à saúde pública, pois o potencial de propagação de doenças microbianas mediadas pelo ar é cada vez maior.
A gripe e a tuberculose têm e continuam a ser grandes desafios de saúde pública, mas, em 2019, SARS-CoV-2 tornou essa questão ainda mais premente.
Este projeto recebeu, ontem, das mãos de António Grilo, presidente da ANI, e Frederico Nunes, Administrador da DNA Cascais, o Prémio Inovação, uma categoria criada no âmbito do Prémio Jovem Empreendedor, promovido pela Associação Nacional de Jovens Empresários.
A cerimónia de entrega de prémios teve lugar no Palácio da Cidadela, em Lisboa.
O consórcio é liderado pela SpinnerDynamics, um startup tecnológica sediada em Arouca e focada no desenvolvimento de soluções de engenharia. Integra o consórcio duas entidades do Sistema Científico e Tecnológico Nacional (SCTN), a Faculdade Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), através do Professor Manuel Simões do Laboratory for Process Engineering, Environment, Biotechnology and Energy (LEPABE), e a Universidade de Aveiro, através do Professor Nuno Lau do Institute of Electronics and Informatics Engineering (IEETA).
O projeto que agora venceu o Prémio de Inovação recebeu já o apoio do COMPETE 2020 no âmbito do Sistemas de Incentivos à Investigação e Desenvolvimento Tecnológico em Copromoção e em Território de Baixa Densidade, envolvendo um investimento elegível de 597 mil euros o que resultou num incentivo FEDER de cerca de 464 mil euros.
Neste momento, está em fase de conclusão o desenvolvimento da navegação social, que permite ao robô circular de forma segura e confortável para as pessoas.
O prémio atribuído pela ANI ao projeto GermIrrad através do programa Born from Knowledge (BfK) consiste na “Árvore do Conhecimento” e no prémio pecuniário no valor de 2.500 euros.
O troféu, a “Árvore do Conhecimento”, relaciona a arte com a tecnologia, expressando os valores da excelência científica e da relevância social e económica.
Indivíduos infetados, ao espirrar, falar ou mesmo respirar, produzem aerossóis feitos de gotículas de vários tamanhos que podem transportar agentes infeciosos (por exemplo, vírus, bactérias, fungos) e iniciar novos eventos de infeção quando inalados por outros.
Essas gotículas, dependendo de seu tamanho, podem permanecer no ar por um determinado período de tempo e se depositar nas superfícies, o que torna os espaços públicos compartilhados em potenciais pontos de disseminação de vírus.
Para superar estes desafios, principalmente em espaços fechados, surgiu o GermIrrad , que tem como objetivo conter a propagação do vírus, sendo a luz ultravioleta C (UVC) identificada como parte de uma solução.
O robô está capacitado para mapear o ambiente, determinar uma trajetória eficiente de desinfeção, executar essa trajetória de forma segura e evitar o impacto com humanos, podendo ser usado em espaços em que há movimento de pessoas.
O dispositivo é apresentado como seguro, eficaz, ecológico e económico, capaz de atuar em diferentes ambientes, como hospitais ou clínicas, áreas de grande aglomeração de pessoas, como transportes públicos, centros comerciais ou espaços de eventos.
Pode ser também utilizado na agroindústria ou indústria alimentar para garantir a segurança dos produtos e evitar perdas por propagação de doenças virais ou bacterianas.
O fabrico do sistema será feito com recurso a fabrico aditivo (AM sigla em inglês) de polímeros e compósitos de matriz polimérica de alta performance, de forma a assegurar a viabilidade económica e a competitividade desta solução altamente tecnológica.
O mercado de equipamentos de desinfeção com recurso a radiação ultravioleta é apontado a um mercado de elevado crescimento, que, dada a Covid-19 e o risco atual de novas pandemias, pode vir a ter um crescimento ainda maior.
Desde 2017, a ANI já premiou cerca de 50 projetos e start-ups, nascidos da investigação académica, em concursos e prémios de inovação nacionais promovidos por entidades como Altice, Crédito Agrícola, BPI, Glintt, PortugalFoods e Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações (APDC) através do programa Born from Knowledge (BfK).
Muitos deles são já símbolos da inovação nacional em Portugal e internacionalmente.
Foto: UA
Diário de Aveiro |