EXPOSIÇÃO REPARTIDA

“Aprisionado pela participação política”, no dizer do delegado da Direcção da Cultura do Centro, Arlindo Vicente vem-se mostrando no que nele era mais genuíno, as artes plásticas, em exposições várias, nomeadamente em Aveiro e agora em Oliveira do Bairro.

Exposição repartida

A exposição de Arlindo Vicente teve abertura solene, no último sábado, com toda a pompa e circunstância, no átrio da câmara municipal de Oliveira do Bairro, não faltando o toque musical, a abrir e a fechar esta cerimónia, dado por Mafalda Carvalho, da UFT, interpretando, em flauta transversal, duas fantasias.

Marcaram presença o filho do pintor, Pedro Vicente, e demais familiares; o delegado regional da Cultura do Centro, Coimbra, Pedro António Pita; os presidentes da Assembleia municipal e da câmara, respectivamente, António Manuel Dias Cardoso e Mário João Oliveira e seu vice, Joaquim Santos; vereadora da cultura, Laura Pires, e vereadores da oposição (Leontina Novo e Manuel Silvestre), alguns deputados municipais, vários artistas e admiradores da obra de Arlindo Vicente.

A exposição reparte-se pelo salão de exposições da câmara (desenho e aguarelas) e pela sala de exposições da biblioteca (óleos).

Podem ser visitadas, de segunda a sábado, entre as 10 e as 18.00 horas

Figura incontornável

O presidente da câmara abriu a série de intervenções para se congratular com a realização desta iniciativa a que associou a câmara, bem como a outras. Com isso, “pretendemos abrir as portas, lembrar e dar vida...”, manifestando o desejo de que muitos munícipes vejam e passem mensagem”, não só os munícipes, mas todos os cidadãos. “Espero que Oliveira do Bairro venha ver. Espero que façam justiça a Arlindo Vicente”.

Rosalina Filipe, da Comissão Promotora da homenagem, lembrou que com esta exposição, ou antes duas, “o concelho fica mais enriquecido” pela descoberta de Arlindo Vicente.

Agradeceu à câmara, que “não tem regateado meios para levar por diante” os diversos actos que compreendem um vasto programa comemorativo do centenário de nascimento.

“Arlindo Vicente é uma dos grandes artistas plásticos do século XX que, para nossa felicidade , é nosso conterrâneo”, afirmava ainda sobre a personalidade de um homem indignado contra as injustiças. Tal qual outro conterrâneo e amigo, Frei Gil, conforme foi lembrado pela artista plástica , com raízes no Troviscal, Lúcia Seabra, que falou em nome da Aveiro Arte, também responsável pela organização e disposição das exposições, lembrando que Arlindo Vicente “é uma figura incontornável das artes plásticas em Portugal. Na estética está entre os melhores”. Além disso, “foi um cidadão de que o Troviscal se orgulha”.

Artista moderno

Com as exposições , “acabamos por perceber que Arlindo Vicente fez por sua conta e fez por seu risco o percurso de artistas modernos” - afirmou António Pedro Pita, tendo começado por onde os grandes artistas começam, a caricatura. Situou o artista bairradino “na grande fornada dos artistas contemporâneos”.

Já António Pedro Vicente agradeceu a todos quantos contribuíram para a exposição, não deixando de frisar que foi no concelho de Oliveira do Bairro, que “o meu pai ganhou raízes e teve a sua formação”, foi aqui que criara os seus carinhos e asas.

“Homem do campo nunca deixou as suas raízes” acrescentou e que fora para a política por razões morais”.

.Encerrou Dias Cardoso para realçar a dignidade com que têm decorrido todos os actos à volta das comemorações deste centenário, incluindo a exposição que mostra bem o talento de Arlindo Vicente.

Armor Pires Mota
Diário de Aveiro



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