O presidente da Associação de Municípios da Ria (AMRIA), Ribau Esteves, disse ontem que a Ria de Aveiro "é um ecossistema em crise, abandonado pelo seu gestor, o Ministério do Ambiente".

Intervindo na abertura das I Jornadas da Ria "Sorria", organizadas pela Câmara de Aveiro, Ribau Esteves considerou que a entrega da gestão da Ria de Aveiro ao Ministério do Ambiente "foi o maior disparate de todos os tempos".

"A Ria tem sido cada vez mais utilizada, mas também é verdade que os poderes públicos a têm vindo a abandonar e está cada vez mais só, afirmou Os últimos quatro anos (em que a tutela passou para o Ministério do Ambiente) são de inexistência completa de gestão e ela é hoje um ecossistema em crise e abandonado pelo seu gestor", criticou o presidente da AMRia.

Vincando que "nada fazer é matar a Ria porque ao longo dos séculos ela tem subsistido pela interacção do Homem com a Natureza, Ribau Esteves recusou qualquer modelo de gestão que não tenha liderança local.

"A Ria será bem gerida quando a sua gestão for liderada pelos agentes locais e ponto final parágrafo", declarou Ribau Esteves.

Tal como Ribau Esteves, também o presidente da Câmara de Aveiro, Élio Maia, referiu a necessidade de intervenção urgente das várias entidades, de forma articulada.

"É minha convicção de que podemos fazer muito mais pela Ria de Aveiro. Se nada fizermos permitimos que suba a maré do cepticismo e adiamos o estabelecimento de um quadro legislativo que reúna as entidades com intervenção na laguna, de uma forma integrada, que respeite os interesses particulares em ordem ao interesse colectivo e que institucionalize as relações dos vários parceiros em ordem ao desenvolvimento sustentável", afirmou o autarca.

O presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro(CCDRC), Alfredo Marques, presente em representação do ministro do Ambiente, assegurou que a Ria de Aveiro está entre as preocupações da preparação do Programa Operacional para a Região Centro, por forma a ter acesso aos fundos estruturais que permita intervir com alguma dimensão.

"Não nos é indiferente a necessidade de intervir na Ria.

Estamos a tentar reservar espaço próprio para intervir na protecção e valorização dos recursos naturais da região, entre os quais a Ria de Aveiro", garantiu Alfredo Marques.

O presidente da CCDRC referiu que aquela entidade participa na gestão partilhada da Ria e admitiu a "angústia" de não estarem claramente definidas as funções entre o "excesso de organismos" com jurisdição sobre a Ria.

"Por vezes não temos meios para intervir", reconheceu Alfredo Marques, reportando-se ao papel que actualmente cabe à entidade que dirige na gestão da Ria de Aveiro.
Diário de Aveiro



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