A Associação dos Apicultores do Litoral Centro (AALC), como já é tradição, levou a cabo a 8ª edição da Feira do Pão e do Mel, na vila de Luso, nos passados dias 12, 13, 14 e 15 de Agosto. Associado ao mel, também não faltou o pão caseiro, típico da Mealhada. Um certame, cada vez mais concorrido, marcado, este ano, pelas incertezas quanto ao futuro do certame, já que a nova legislação coloca alguns entraves à comercialização do mel, uma vez que obriga à construção de uma melaria (unidade de extracção do mel), obra esta que só poderá avançar se tiver o apoio e colaboração das autarquias. Expectativas sejam muito boas A abertura oficial do certame teve lugar, no passado sábado. Zona turística por excelência, a vila do Luso voltou, em mês de férias, a receber muitos visitantes que, aproveitando o bom tempo, logo bem cedo, pela manhã, passearam pela feira. Tal como nas anteriores edições, voltou a ser palco do certame o espaço envolvente ao Hotel do Luso. À sombra, os 14 expositores presentes (dos 17 inscritos) davam a conhecer aos muitos visitantes os vários produtos ali presentes associados ao mel (aguardente de mel, geleia real, pólen, sabonetes, cremes hidratantes, batons), entre outros, também estes cada vez mais procurados. A JB Nelson Miranda, técnico da Associação, avançou que “de ano para ano, o número de expositores e visitantes tem vindo a aumentar”, também porque a Associação sempre aproveitou o feriado de dia 15 de Agosto “para ter o maior número de visitantes possível”. Admitindo que a crise económica se reflectiu na edição do ano anterior e na quantidade de mel vendido, avançou que as expectativas, em relação à presente edição, são elevadas: “no ano passado, houve menos gente porque se notava que as pessoas tinham menos capacidade económica. Esperamos que, este ano, seja diferente, daí que as nossas expectativas sejam muito boas”, referiu. Nelson Miranda avançou ainda que “neste primeiro dia, já cá está muito mais gente e, embora o mel continue a ser o produto mais procurado, logo a seguir vem o pólen, pois as pessoas começam a estar mais informadas e sabem que o pólen é um suplemento nutritivo muito rico”. Criar uma melaria A JB também João Alberto Moras, presidente da direcção da Associação dos Apicultores do Litoral Centro, admitiu que esta “poderá ser a última edição do certame” na medida em que “se não conseguirmos apoios para construir uma melaria (unidade de extracção de mel), a nova lei não permite que esta feira se volte a fazer porque os pequenos produtores não poderão comercializar o mel que, até agora, era feito em cada casa”. Reforçando essa ideia Nelson Miranda adiantou: “repare que, para o ano, não poderemos ter aqui à venda mel que não seja extraído numa melaria”, ou seja, “aqueles que tiverem uma melaria licenciada podem vir aqui vender, os outros não. E esses são a maioria”. Este técnico da associação avançou também que a nova legislação vai situar dois sectores: os pequenos apicultores, que podem ter uma unidade licenciada, junto à sua exploração, (perto de casa) só podem vender a retalho, no local, mas já não podem vender uma caixa de mel para um supermercado e o sector mais ligado ao comércio por grosso e em grandes quantidades que terá de ter um estabelecimento industrial (melaria) devidamente licenciado e localizado numa área que permita servir os apicultores associados”. Nelson Miranda referiu ainda ao nosso jornal que “a nossa intenção é criar um estabelecimento desse tipo, onde nos apicultores nossos associados possam ir fazer a extracção do mel, enfrascá-lo e tratá-lo dentro das normas e regas alimentares que estão agora muito mais apertadas. Embora esta seja a nossa prioridade, a verdade é que, sem ela, o sector vai ficar estagnado e estrangulado”, admitindo que a Associação vai tentar responder ao desafio, mas terá de ter apoio de outros parceiros, nomeadamente das autarquias da região e Direcção Regional da Agricultura. Por seu turno, também João Alberto Moras avançou que, em contacto com o autarca anadiense, este se mostrou disponível para ajudar a Associação a instalar a melaria no seu concelho, avançando que “se todas as câmaras (Ílhavo, Anadia, Cantanhede, Mealhada, Coimbra) contribuírem com 5% já será uma grande ajuda”, uma vez que a Associação tem cerca de meia centena de apicultores associados, provenientes de Mira, Cantanhede, Anadia, Mealhada, Luso, Penacova, Mortágua, Coimbra. De visita à feira, Filomena Pinheiro, vice-presidente da Câmara Municipal da Mealhada, referiu que “sempre apoiamos a associação dentro das possas possibilidades e mediante a solicitação da Associação” e que “face aos novos desafios teremos de os ajudar a responder”, uma vez que “se trata de um sector importante, sendo nosso dever proteger e promover estas iniciativas e actividades artesanais que começam a desaparecer”. Sector importante na região Economicamente, o mel é um sector cada vez com mais peso na economia local da região. Segundo nos foi revelado, em anos bons os associados da AALC produzem, em média, 20 a 25 toneladas de mel. Mas, se falarmos de todos, nesta área de influência significa muito perto das cem toneladas de mel anualmente em termos de produção “É um sector que está a evoluir na seguinte forma: os pequenos apicultores vão continuar a existir e outros que se dedicam exclusivamente à apicultora, cada vez com maior número de colónias, começam a ver que existe vantagem económica nessa produção”, referiu Nelson Miranda.
Catarina CercaDiário de Aveiro |