NÃO PODE TER O OLHO EM CIMA DE TUDO

Tenho para mim que nem todas as coisas chegam ao conhecimento do executivo de Mário João Oliveira. Na verdade, não pode ter o olho em cima de tudo e o seu chefe de gabinete tem naturalmente outras atribuições, que não andar aí a vasculhar “os podres” da cidade. Era o que faltava a um chefe de gabinete!

No entanto, há uma nódoa, que o quartel dos bombeiros, que já perdeu algumas janelas, e a Casa Paroquial não permitem seja vista dos paços do concelho, mas existe. Apesar do quartel já ter perdido algumas janelas. Não por culpa, ressalve-se desde já, da câmara, mas tão somente do proprietário (ou proprietários) do terreno que fica entre a travessa da rua dos bombeiros e rua Cândido dos Reis.

Disseram-me, falando eu no caso, os meus amigos da Praça Vermelha, que “o lindo” não era o matagal que sobe o terreno, não era bem a porcaria que por ali se espraia, mas ratazanas que, de manhã e à noitinha, se divertem em correrias loucas entre as silvas do Passal de Baixo e o de Cima.

Jurei a mim mesmo que iria ver isso, discretamente, um dia de manhã, porque eu, embora não deva nada a ninguém, aposentado do Estado que sou, gosto de ver para lançar uma crítica, ou melhor um simples alerta que, de resto, tem sido as minhas crónicas ao longo destes tempos.

Disse, de manhã, porque um homem com a minha idade já sofre de muita coisa, até dos ossos, E os ossos, de manhã, na cama, até doem.

Por isso e contrariando a minha esposa, que tem outros achaques (este não) no Verão, levanto-me bem cedo. Faço a barba, visto-me conforme o tempo, vou à varanda, faço duas ou três flexões, o pino já lá vai, sondo os ventos e o sol e é, então, quando decido para onde vou saudar a manhã e os campos. De vez em quando, gosto de ver a cidade.

Foi o que aconteceu, na manhã da última sexta-feira. Meti-me em cuidados e fui ver aquele “espectáculo” das ratazanas correndo de um lado para o outro da estrada, onde têm o seu paraíso de silvas, mato e detritos. Não lhes digo nada. Era cada uma! Alguém que me viu naquele preparo e viu uma ou duas, disse: “parecem autênticos coelhos”, que “são um perigo para a saúde pública”, acrescentei com os meus botões.

Efectivamente, as pessoas do prédio da travessa da rua dos bombeiro têm um jardim selvagem na sua frente e adormecer e acordar com este filme de ratos e lixos de toda a ordem (plásticos, garrafas e garrafinhas, silvas e ervas da altura de um homem, baldes, redes de arame, que sobraram de construção de obra, pára-choques, terriço e restos de limpeza de casas próximas) não é nenhum calmante. Algumas têm mesmo receios de incêndio. “Se há um incêndio, não sei o que vai ser”, para acrescentar: “isto é uma vergonha na cidade”.

Não tive argumentos para desmentir uma senhora que havia de encontrar, meia hora depois, se tanto, e fiquei a saber que, por Setembro do ano passado, as pessoas, com as barbas dos outros a arder pelo país fora, receosas, foram à câmara apresentar o problema. Vieram as máquinas e limparam, mas só uma parte, a norte.

Agora, as pessoas voltam a questionar a situação, que é feia e perigosa, e estão dispostas a pedir socorro novamente à câmara. Terão razão. Ninguém gosta de viver paredes meias com um jardim de silvas e ratos. Não tive outro remédio senão afoitá-las.

Entretanto, como ainda era cedo, segui a rua da estação, que agora já não está o descalabro de outros tempos, metendo medos pela noite dentro, com silvedos nas bermas. No entanto, no meu ver, se do lado direito há um passeio e houve capinagem das bermas, do outro, a coisa está mais feia, com montes de lixo e detritos... e sem passeio. Ora providencie a câmara a implementação de tal passeio e a estrada ganhará. Ficará tudo melhor e mais bonito.

Bonito, bonito não está a Cerâmica Rocha, dito futuro Museu de Olaria. É certo que os telhados do escritório e da fábrica já tombaram ou vão caindo... Mas o mais grave é que as paredes não garantem 100% de segurança. A câmara, alertada, não tardou a criar uma zona de segurança, que anda a ser montada em toda a sua frente. Assim não tarde a desratizar aquele jardim selvagem e incómodo da travessa da rua dos bombeiros.

Pimenta de Oliveira
Diário de Aveiro



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