A Associação dos Armadores da Pesca Industrial (ADAPI) acusa o Governo de estar a ser insensível ao drama dos pescadores e ao momento crítico vivido pelas empresas do sector, que "estão a entrar em colapso". "Estão em causa 100 mil postos de trabalho directos e indirectos e num ano o Governo não tomou uma única medida", criticou Pedro França, da ADAPI, em declarações à agência Lusa. Todos os barcos da frota pesqueira portuguesa estão hoje parados devido a uma greve nacional dos pescadores apoiada pelos armadores que deverá fazer-se sentir ainda hoje junto dos consumidores, disseram à Lusa fontes do sector das pescas. Pedro França garantiu à Lusa que os pescadores e armadores não vão parar o protesto conjunto e podem partir para "outro tipo de acções" - que não especificou - se a situação não for resolvida. Patrões e empregados das empresas de pesca vivem hoje um "momento único" de união, num protesto conjunto contra a falta de medidas do governo para fazer face à escalada do preço de combustíveis, "que triplicou em dois anos e está a levar as empresas ao colapso". "É reconhecido que os pescadores ganham hoje o mesmo ou menos do que há 10 anos e em três anos perderam cerca de 25 por cento do seu rendimento", disse à Lusa António Macedo, do Sindicato dos Trabalhadores da Pesca do Norte. A razão do desagrado comum de armadores e pescadores está no custo dos combustíveis para as embarcações, que nalguns casos chega a representar 50 por cento do volume de negócios das empresas. "Os custos dos combustíveis são retirados do monte de pesca e só depois é que são pagos os salários", explica António Macedo. Empresas e trabalhadores têm visto os seus rendimentos a "evaporar" com a alta do preço dos combustíveis, o que leva os pescadores, os armadores e as organizações de produtores a estarem unidos na exigência para que o governo intervenha. Referem que países como a França e a Espanha já adoptaram medidas de compensação, mas em Portugal apenas na Madeira e nos Açores foram criados mecanismos para fazer face ao aumento dos combustíveis para a pesca. Contactado entretanto pela Agência Lusa, o ministro da Agricultura e das Pescas, Jaime Silva, disse que a eventual criação de subsídios governamentais para compensar o aumento do preço dos combustíveis reivindicados pelos pescadores não vai resolver os problemas do sector, porque o petróleo vai continuar a aumentar. Jaime Silva disse à Lusa que a resolução do problema do sector da pesca em Portugal não passa por mais dinheiro entregue pelo Governo aos pescadores mas por uma reorganização do sector que vise ganhos de produtividade.Diário de Aveiro |