O presidente da Confraria dos Enófilos da Bairrada, Fernando Castro, afirmou, nas últimas Conversas de C@fé, na sexta-feira, no Hotel Paraíso, em Oliveira do Bairro, que a existência de várias produtores vitivinícolas de pequena escala e o facto da Região da Bairrada ser de minifúndio são os grandes entraves ao desenvolvimento da Região da Bairrada, conjugados com uma falta de profissionalismo que tem limitado a Bairrada. “Necessário profissionalismo” Segundo Fernando Castro, os produtores na Região da Bairrada tem muitas outras actividades, o que faz com que as pessoas tratem o vinho como uma actividade complementar e não como a principal”. “Ora isto não pode acontecer, é necessário um maior profissionalismo”, afirmou Fernando Castro, sublinhando que “estas pessoas não sentem a obrigação de saber como se trabalha o vinho. Vão vendê-lo de qualquer maneira, porque os seus proveitos não estão centrados ali, pois a vinha é mais uma coisita”. “Este tem sido o grande problema da Bairrada”, afirmou Fernando Castro, apontando como solução “a venda ou a cedência destes pequenos espaços”. No entanto, logo alertou que, na Bairrada, “começam a surgir novas manchas vitivinícolas, modernas, com solos drenados e com a divisão correcta das castas”. Recordou ainda que “a Região da Bairrada se deixou adormecer um bocado, a partir do momento em que foi reconhecida como região e agarrou-se a determinados conceitos. Não se apercebeu que ao lado também foram criadas outras regiões que acabaram por conquistar espaço, enquanto que a Bairrada acabou por não evoluir”. Relativamente à promoção dos vinhos Bairrada, referiu que a ViniPortugal tem como função fazer a promoção do vinho português, mas compete a cada uma das comissões vitivinícolas regionais, em associação com a ViniPortugal, promover as suas campanhas específicas. Sobre a Confraria, Fernando Castro garantiu que vai tentar aproxima-la dos associados, apelando a que estes estejam presentes nas iniciativas que a Confraria pretende realizar, assim como dar uma maior visibilidade à Região Demarcada da Bairrada. Anunciou ainda que a cerimónia da entrega dos prémios do concurso dos melhores vinhos da Bairrada - iniciativa organizada pela Confraria - este ano, será realizada numa adega e não num hotel, como era tradição, anunciando que, dentro das actividades da Confraria, “estamos a trabalhar para, na segunda quinzena de Outubro, fazermos uma deslocação a uma ou a várias Regiões Vitivinícolas, onde se poderá apreciar o que se faz de bem feito nos vinhos brancos, tintos e rosados. Feira do Vinho e da Vinha Fernando Castro sublinhou ainda que “a Confraria pretende ter, este ano, uma intervenção na Feira da Vinha e do Vinho, com o objectivo de dar a colaboração que for possível e desejada para fazer jus ao nome da feira e que achamos feliz para a região por ser diferente das demais das redondezas”. “Daí o nosso interesse em que funcione bem a favor do sector. Não faz sentido que uma Feira da Vinha e do Vinho seja para beber cerveja. Espero que, este ano, seja diferente. A feira tem um nome específico, muito apelativo e, por isso, também uma grande responsabilidade. Há que fazer um acontecimento que seja vivido à volta do vinho e da vinha, que os dignifique e que, se possível, não seja um local para apenas beber uns copos, de qualquer maneira”. Conversas de C@fé Recorde-se que as Conversas de C@fé são apoiadas pelo Jornal da Bairrada e pela Segafredo que oferece a todos os presentes um café. Numa primeira fase estão calendarizadas 17 conversas de C@fé, alusivas aos seguintes temas: Concelho de Oliveira do Bairro, Vinho Bairrada, Arquitectura e Urbanismo, Justiça, Saúde, Comunicação Social, Educação, TGV, Religião, Indústria e seus industriais, e Comércio. As primeiras Conversas tiveram como convidado D. Ximenes Belo, Prémio Nobel da Paz. Diário de Aveiro |