O robot ATLAS-IV, desenvolvido pelo Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade de Aveiro para competir na prova de Condução Autónoma do Festival Nacional de Robótica - ROBOTICA2006, classificou-se em 1º lugar. O Festival, que decorreu em Guimarães, entre 28 de Abril e 1 de Maio, pôs em prova 13 robots. O Departamento de Engenharia Mecânica apresentou-se nesta prova com um robot desenvolvido por uma equipa coordenada pelo Prof. Vítor Santos, e constituída pelo aluno de Mestrado, Miguel Oliveira, dois alunos de licenciatura (Rémi Sabino, do 2º ano; e Marcos Gomes, do 3º ano) e, ainda, por dois antigos alunos, recém-licenciados em Engenharia Mecânica: Rui Cancela e David Gameiro. O aumento da complexidade da prova na edição de 2006 fez com que o ATLAS-IV tenha sido o único robot a conseguir suplantar todas as provas e o único a fazer algumas delas, como a que tinha por objectivo estacionar num parque com dois lugares, estando um deles ocupado por um obstáculo desconhecido a priori. Estas dificuldades e o facto de alguns robots concorrentes estarem ainda em fases iniciais do seu desenvolvimento, fizeram com que o ATLAS-IV se destacasse extraordinariamente de todos os restantes 13 robots, dos quais alguns nem conseguiram sair das boxes para entrar em prova. A classificação do 1º lugar é assim um lugar honroso, ao qual, aliás, a Universidade de Aveiro já se habituou desde 2001. Na verdade, o 1º lugar nesta prova foi sempre ganho por uma equipa da Universidade de Aveiro e, desde 2002, que a UA coloca pelo menos duas equipas nos três primeiros lugares. Este ano sucedeu de novo, com o robot ROTA2006, do Departamento de Electrónica e Telecomunicações, a obter o 3º lugar nesta prova. De realçar ainda que a equipa CAMBADA, igualmente do DET, obteve um histórico 3º lugar entre as cinco equipas nacionais na prova da sofisticada competição de Futebol Robótico Médio. Estes indicadores reafirmam o que já muitos reconhecem: o facto da Universidade de Aveiro ser uma referência nacional no domínio da robótica móvel autónoma para competição, numa aventura que se iniciou em 1995 com a primeira edição do concurso Micro-Rato - a primeira prova nacional para robots móveis autónomos -, organizado pelo Departamento de Electrónica e Telecomunicações da UA. A prova de condução autónoma e as mais-valias do ATLAS IV Esta prova consiste em percorrer uma pista em forma de estrada com uma recta, curvas, um cruzamento, uma passadeira e um semáforo, cujos sinais devem ser respeitados. Nas mangas mais avançadas é ainda colocado um obstáculo na pista em local desconhecido, bem como um túnel e uma zona de obras delimitada por cones da estrada e linha sinalética vermelha e branca. A velocidade é importante mas a capacidade de percepção e navegação em tão exigentes condições também o é.
De acordo com o Prof. Vítor Santos, e herdando uma plataforma base desenvolvida em 2005 para o Atlas-III, que tinha dado provas de boa capacidade de realização do desafio do ponto de vista mecânico, a equipa responsável pelo ATLAS IV investiu nalguns parâmetros que reforçaram as competências do robot. “Foi acrescentada uma câmara adicional para uma melhor percepção da pista, que este ano se alargou em mais de 50% e adquiriu uma linha tracejada central, e foi feito um investimento forte na exploração da visão artificial como a ferramenta primordial de percepção.”. De facto, todos os processos de navegação do ATLAS IV se basearam em visão artificial contrariamente ao que fazem as restantes equipas que utilizam uma diversidade de sensores incluindo a hodometria (um processo de contar as voltas das rodas para tentar cumprir a pista por abordagem geométrica). Nesta edição, o robot da UA, além da visão, apenas usava um sensor junto ao chão para confirmar quando estava exactamente por cima da passadeira, dado que nessa posição ela ficava invisível por baixo do veículo. Além da solução do uso exclusivo da visão artificial, o ATLAS-IV apresentou características únicas ou muito raras no historial da prova, como sejam a capacidade de manobras sucessivas para evitar obstáculos e reposicionar-se em pista, ou ainda a percepção do semáforo em andamento, evitando assim a paragem junto da passadeira para ler o semáforo e tomar a decisão consequente.Diário de Aveiro |