“Brincam com os textos, com as imagens, e o livro vai surgindo na vida da criança como os dedos da mão, com sensibilidade, serenidade, sensatez e satisfação” - foi afirmado no Dia Internacional do Livro Infantil, na Biblioteca Municipal de Oliveira do Bairro, no início de um dia cheio para esta faixa etária. “Rasgar não é pecado” Decorreu na manhã do dia 2, último domingo, na biblioteca municipal de Oliveira do Bairro, uma festa do Livro, totalmente dedicada às crianças que os pais levaram em bom número, pais que, no entanto, foram o alvo principal, relativamente à lição ministrada, em linguagem acessível, por Fátima Antunes Caeiro, intitulada “o meu brinquedo é um livro - porquê ler ao seu bebé?”. Falou da importância que tem para qualquer criança, desde tenra idade, o contacto com o livro, ainda que o rasgue - “rasgar não é pecado”, frisou, o arremesse fora. Para a criança o livro tem de ser algo que serve para brincar, “um brinquedo com o qual deve conviver desde o berço”. Esta situação pode concorrer no futuro para uma maior consideração da parte dos jovens pelos livros e leitura. Fátima Antunes Caeiro da Associação de Professores de Português, Lisboa, afirmou, com convicção, que, quanto mais contacto tiver a criança com o livro, mais apetência ela terá para ser um amigo do livro. Além disso, esta situação concorrerá para que, quando tiver que estudar, pegar nos livros “não seja penoso”. “A leitura é uma aprendizagem social que ultrapassa o quadro escolar, porque começa muito antes da entrada na escola” - foi mais uma afirmação da palestrante que confessou, a propósito, que “o livro para mim sempre foi a minha grande paixão”, já que teve o privilégio de poder conviver com os livros desde muito cedo. Mas as crianças de tenra idade podem ler? A resposta foi dada por Fátima Antunes Caeiro: “Elas lêem sorrisos, gestos, sons, expressões faciais, cores, tudo aquilo que lhes desperta a atenção”, pois que “os bebés não lêem, mas sentem os outros ler”. Por isso, “o livro deve ser colocado ao pé da criança sem medos. Deve ser tocado, mexido, manuseado”. O gosto que o futuro jovem possa vir a ter pela leitura, depende de contacto com o livro nos primeiros tempos. Por outro lado, a leitura vem enriquecer-lhe o vocabulário. Ao contrário, criança que não foi habituada a manusear o livro, não virá a gostar de ler. Quando, afinal, “o livro tem cada vez mais de ser encarado como um prazer”, concluiu Fátima Antunes Caeiro, que, durante a palestra foi continuamente interpelada pelas vozes das crianças. Sementes Encerrada esta primeira parte, que teve a abertura do vice-presidente da Câmara, Joaquim Manuel Santos Alves de Jesus para se congratular com a realização deste evento, algumas dezenas de crianças, nascidas entre Março de 2005 e Março de 2006, foram contempladas com um pack, composto por um livro, “O Sonho de Mariana” e uma almofada para as nascidas entre Fevereiro e Junho de 2005. E se era incomportável receber de uma só vez, 186 crianças nascidas no concelho, naquele período, nem por isso serão esquecidas as restantes. Serão organizadas outras festas e nessa altura receberão a mesma “prenda”. Mário João Oliveira, presidente da Câmara, mostrou-se satisfeito com a resposta dos pais das crianças ao convite, satisfeito com o evento e a forma como decorreu, para reconhecer a importância da presença do livro na vida do bebé. “Hoje, aqui foram lançadas várias sementes que todos vamos esperar, pais e autarcas, dêem os seus frutos” - referiu-se às sementes da lição proferida e às que envolvem a prenda do livro. O edil deixou ainda um apelo: que as crianças, com o apoio dos pais ou dos amigos, vão à biblioteca e pólos de leitura, reforçando assim o apelo que havia lançado também a directora da Biblioteca, Cristina Calvo. Armor Pires MotaDiário de Aveiro |