“Vá para férias cá dentro” - é slogan, que, por sinal, até nos custa algum dinheiro, a reclamar para que os portugueses façam férias em todo o sítio, dentro do país, deixando cá os euros. Até aí, tudo bem. Só que os políticos deixam-no cair em saco roto e vá de alterar as regras do bom senso. Aconteceu isso em tempos, com Durão Barroso, que falava de tanga para os outros, mas não se escusava a umas boas férias no estrangeiro. Tangueva-nos era o que era. Agora, repare-se na atitude, pouco exemplar, do primeiro ministro José Sócrates, que preferiu as neves da Suiça às da Serra da Estrela. A nós prega-nos a contenção, não faz outra coisa senão apertar-nos o cinto, onde a fivela já come carne; prega-nos, sem pudor algum, com a canga dos aumentos em cima - veja-se o estendal que para aí vai neste início de ano; atribui o mal de todos os nossos males à função pública e os professores são aumentados apenas 1,5%, aumentito que não chega para a cova de um dente, quanto mais para matar a fome que a inflacção aumenta também na classe dos professores que nas escolas, sem condições para tal, ganharam o estranho estatuto de amas secas Claro que Sócrates teve um azar: um acidente estragou-lhe as férias secretas (apenas de quatro dias na estância alpina) longe do país, que pensa governar. Caíu mal após um salto na neve. Os médicos imobilizaram-lhe o joelho. O país está imobilizado há muito, mais por culpa dos políticos do que do povo. Até porque não há políticos convincentes da jornada de reabilitação. A doer a todos. Saltos no escuro, também tem dado alguns por cá , só mitigados pelas imensas promessas, se não de TGVs e OTAs, pelo menos pela promessa, sem prática, de mais emprego. Aqui fica a doer não só o tornozelo, mas também alma de cada vez mais desempregados. Esse lamentável acidente fora de casa, porém teve o mérito de nós portugueses, cada vez mais trabalhadores por conta do Estado, que sempre nos suga o suor e nos tira a camisa, sabermos por onde andava o “nosso” primeiro-ministro. Entendemos que já esteja cansado de nós, como esteve Durão Barroso, a precisar de descanso, longe do nosso olhar, mas o que recusamos a entender é que nos deixe assim para umas férias no país da neve e dos sonhos. Se o país está mau, como afirma, quando nos quer estrangular a respiração mínima, tem de estar para todos. Temos de recuperar, quanto antes, o caminho da confiança. A começar pelo primeiro ministro e seus pares. O resto é pura batota! Mas o pior é que assim não vamos lá.Diário de Aveiro |