No ano em que comemora as Bodas de Prata a Arviscal - Associação Cultural, Desportiva, Recreativa, Beneficente e de Solidariedade Social do Troviscal, depois de um hiato de doze anos, período em que a sua actividade se resumiu ao Karaté e à vertente recreativa e cultural, volta a ter futebol, ainda que na INATEL, mas com vários projectos definidos e assumidos por uma direcção jovem e dinâmica. Torneio foi rampa de lançamento Fundada em 13 de Março de 1980, a Arviscal atingiu o seu ponto mais alto na época 1989/90, com a presença na então denominada 1.ª Divisão de Honra da AFA. Mas o título de campeões distritais de juniores - zona Sul na época 1986/87, que deu origem à equipa sénior, e o título distrital em juvenis, na época 1991/92, também não é esquecido pelos novos responsáveis da colectividade do Troviscal, chefiada por Alexandre Ferreira. Nos seus tempos áureos, a Arviscal teve equipas de iniciados, juvenis, juniores, onde jogou João Tomás, seniores, atletismo e karaté, tendo interrompido a sua actividade na época de 1992/93, na altura em que desceu da divisão de honra. A nova direcção, que tomou posse em Fevereiro último, promoveu um jogo de velhas guardas, um torneio inter lugares em futsal, que tiveram o condão de relançar o futebol. O parque de jogos sofreu grandes melhoramentos, onde aliás, treinaram e jogaram as camadas jovens do Oliveira do Bairro, o mesmo acontecendo com o Fermentelos. A Arviscal prepara-se assim para voltar aos seus tempos de glória. A população estava afastada do clube Em longa entrevista, o presidente Alexandre Ferreira falou do passado presente e futuro. -É presidente da Arviscal desde Fevereiro. Que balanço é que faz? -No dia 13 de Março, de forma singela, a direcção comemorou os 25 anos da Arviscal, e realizámos um jogo de velhas guardas, tendo tido grande adesão dos ex-atletas. A ideia foi recuperar a mística do clube, voltar a recrear a ideia do futebol na Arviscal e, ao mesmo tempo, solicitar ajuda no torneio inter lugares em futsal, com o slogan “Vários lugares a mesma Freguesia”, com o apoio da Junta de Freguesia do Troviscal. O torneio teve oito equipas do lugar do Troviscal e foi um grande sucesso. Com este torneio, conseguimos uma base para construir a equipa de futebol de 11, para participar no campeonato do INATEL, mediante protocolo com a Casa do Povo do Troviscal. Neste momento, temos 34 atletas a treinar, orientados por um treinador jovem (Carlos Pinhal) e da freguesia, com curso de 1.º nível. -Como encontrou o clube? -Como é mais do que lógico, a população estava afastada do clube. Foram muitos anos sem actividade, e para trazer o futebol de volta era necessário realizar muitas obras. O campo estava ervado, e com o apoio da Câmara Municipal, e muito trabalho da direcção, conseguimos limpar o campo e pista, dotar o campo de futebol de condições para a prática desportiva, zona da assistência, as valetas, acesso aos balneários, chuveiros, duplo sistema (gás e lenha) de aquecimento, iluminação, arranjo da zona envolvente do polidesportivo, novas pinturas. Enfim, como estava tudo deteriorado, agora está tudo funcional, sendo nossa intenção, no próximo ano, pintar a sede, balneários, os muros do campo, e na zona em frente ao estacionamento dos balneários vamos fazer duas pistas de malha. Além do apoio da autarquia, tudo foi conseguido, com o património das direcções anteriores, que deixaram o clube numa situação financeira estável. -A importância do OBSC aparecer, o regresso da actividade foi meio caminho andado? -Sim, foi. Estavam criadas as condições materiais e humanas para oferecer ao OBSC a manutenção diária de duas a três equipas. O OBSC também contribuiu, com diligências, junto da Câmara Municipal para a limpeza do campo e zona de assistência, ofereceu quatro esquentadores para o nosso novo sistema de aquecimento, proporcionou-nos vários jogos oficiais, e os seus dirigentes transmitiram-nos informações e conhecimentos necessários para construirmos a nossa equipa de futebol. O Fermentelos, também devido ao mesmo (relvado sintético) motivo, tem treinado nas nossas instalações. Dois clubes num só? -E quando a apoios? -Esperamos que o apoio da Câmara Municipal seja mais do que simbólico, pois a verba que temos recebido não chega para as despesas normais de manutenção. Dos sócios (350), esperamos que no próximo ano reconheçam o trabalho que tem sido feito e irá ser desenvolvido, e que contribuam para que este projecto de reerguer a Associação, pois essa seria a melhor prenda que nos poderiam dar nos 25 anos da Arviscal. Agradecemos a ajuda de algumas pessoas que têm oferecido algumas horas de trabalho nas obras de melhoramento. À empresa Jesus & Jesus pelo apoio nos equipamentos. Iremos manter os protocolos com a Junta de Freguesia na manutenção e obras no parque de merendas, Casa do Povo e Escuteiros 418 S. Bartolomeu para a cedência da electricidade. -E relativamente ao futuro próximo? -Um dos nossos objectivos foi recuperar as instalações, trazer a população de volta às instalações para a prática desportiva e voltar a ter uma equipa de futebol, a única forma de ter actividade regular todo o ano. Mas, no início do ano, temos muitas coisas em vista. E tudo terá que passar pela Assembleia-Geral. Uma nova direcção (irei recandidatar-me), novo nome, novos estatutos, inventário dos sócios, a criação de um regulamento interno, declarar início de actividade nas finanças e vamos criar novas secções, como o futebol no INATEL, ciclismo, aeromodelismo e desportos radicais. -O futebol regressa através do INATEL. E na próxima época? -No campeonato do INATEL queremos ter uma prestação positiva, e na próxima época vamos ponderar a participação ou não na AFA. -Se a Arviscal avançar para as provas da AFA, é possível duas equipas na freguesia? -A história diz-nos que muito dificilmente a freguesia poderá manter duas equipas na AFA. A última vez que isso aconteceu os dois clubes acabaram a sua actividade futebolística. No entanto, a Arviscal não pode ficar inactiva, em termos futebolísticos, e, dentro dessa base, a nível pessoal, apresentei uma proposta ao presidente do Troviscalense - clube com o qual temos uma boa relação, existe diálogo entre elementos das direcções - para um projecto de futebol para a freguesia, um pouco inspirado no modelo de Lamego (Craques e Sporting de Lamego), mas com o acréscimo do peditório para o futebol na freguesia ser feito pelas duas direcções, baseado num orçamento comum para o futebol. Na minha opinião, duas direcções podem fazer melhor trabalho que uma só, pois são o dobro das pessoas a trabalhar para o mesmo projecto. Tudo isto não passa de uma proposta pessoal, e só as direcções, que são soberanas, é que poderão decidir. Manuel Zappa zappa@jb.ptDiário de Aveiro |