O ministro da Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas, Jaime Silva, disse hoje estar disponível para discutir a questão do preço dos combustíveis com o sector da Pesca, num quadro de rigor orçamental. Jaime Silva falava hoje na Gafanha da Nazaré, na inauguração do "França Morte", o maior navio de pesca nacional, anunciando que na próxima semana se vai reunir com os representantes do sector. O ministro respondeu positivamente a Pedro França, que lidera o maior grupo investidor privado do sector pesqueiro, o qual considerou que o governo português não pode ignorar o forte apoio ao preço do gasóleo dado por outros países, sob pena de condenar a frota nacional a uma "concorrência desleal que não lhes permite sobreviver". Apesar de se dispor a reunir com os representantes do sector das pescas, Jaime Silva foi advertindo que a crise petrolífera tem afectado toda a economia e que a pesca e a agricultura "têm algum privilégio" face a outras actividades industriais. O ministro justificou a sua presença na cerimónia, dizendo que "o governo só podia estar" num momento que é um marco na modernização da frota nacional (desde há 13 anos que não era inaugurado um navio de pesca longínqua), lamentando que nos últimos anos, em Portugal, se tenha "privilegiado o abate de navios e não a renovação". Jaime Silva aludiu ainda às criticas de outro armador aos apoios concedidos à construção do navio, dizendo que foi uma decisão do governo anterior, com a qual está de acordo. "Numa altura em que se lançam barcos mais modernos há todo um ruído à volta do processo. O governo anterior decidiu bem, aproveitando a última oportunidade de apoios da União Europeia para renovar barcos da pesca longínqua, o que hoje já não é possível. Só dois armadores é que se mostraram interessados e só este é que concretizou o investimento. Lamento que outros não lhe tenham seguido o exemplo porque teríamos uma frota mais moderna", declarou. O "França Morte" tem um volume de 2820 toneladas de arqueação bruta, o que o torna o maior da frota nacional. As suas características permitem que os homens trabalhem com o aparelho de pesca protegidos do mar, em condições de tempo adversas. Está preparado para pescar ao mesmo tempo com duas redes, podendo arrastar até 2200 metros de profundidade. A bordo tem uma fábrica de processamento de pescado, com capacidade para produzir por dia 45 toneladas de produto transformado, entre red-fish, palmeta, solha, abrotea, bacalhau e camarão. Uma das inovações da embarcação é a possibilidade do motor principal consumir uma mistura de nafta com gasóleo, o que representa uma economia de custos de 30 por cento. Foi construído nos Estaleiros José Valiña, na Corunha e o casco foi reforçado para navegar em zonas de gelo, representando um investimento total de15 milhões de euros, comparticipado em 22 por cento por fundos comunitários e nacionais.
Foto - www.terranova.pt Diário de Aveiro |