A maioria dos estudantes da Universidade de Aveiro concorda com o pagamento de propinas, embora alguns admitam que o valor máximo pode pôr em causa a continuidade dos estudos, revela um estudo divulgado pela Associação Académica. O estudo, que surpreendeu a própria direcção da Associação Académica, revela que 43 por cento dos alunos concordam com o princípio do utilizador/pagador aplicado ao ensino superior público. A Associação manifestou-se também surpreendida com o elevado número de estudantes, cerca de 10,8 por cento, que admitiu que o valor máximo da propina poderia determinar o abandono do ensino superior. "Não estávamos à espera de uma percentagem tão grande e ainda há um factor determinante que é a vergonha que algumas pessoas têm em assumir que têm dificuldades em frequentar o ensino superior", disse a presidente da Associação Académica, Rosa Nogueira, na apresentação do estudo. De acordo com a dirigente associativa, atendendo a que os inquéritos foram realizados em Maio, poderá haver casos de alunos que este ano não se inscreveram por esse motivo, pelo que a Associação Académica vai procurar identificar os que desistiram e, conjuntamente com a Acção Social, saber porque é que não são bolseiros e tentar o seu reingresso. A Universidade de Aveiro estipulou este ano a propina máxima, no valor de 900 euros, enquanto no ano passado esta era de 880. O estudo sócio demográfico e de opinião foi encomendado pela Associação Académica da Universidade de Aveiro ao gabinete de estudos de mercado e opinião do Instituto Português de Administração e Marketing (IPAM) e baseou-se numa amostra de 600 alunos. Em relação ao universo dos inquiridos, 91 por cento são estudantes a tempo inteiro, maioritariamente oriundos da zona do Baixo Vouga, tendo os concelhos de Aveiro, Ílhavo e Águeda como origem. A maioria das respostas foi dada por alunos dos três primeiros anos, do sexo feminino, 70 por cento dos quais nunca tinha reprovado até chegar à Universidade, estando a média de ingresso entre os 14 e 15 valores. Em relação à situação sócio-económica, os respectivos agregados familiares têm uma média de rendimentos de mil a 1.500 euros mensais, são sobretudo constituídos por quatro pessoas, continuando a ser o homem a desempenhar o papel de chefe de família. Este, por regra, tem entre 45 e 64 anos, em 57 por cento dos casos é trabalhador por conta de outrem e em mais de metade dos inquiridos a escolaridade não vai além do 9º ano de escolaridade.Diário de Aveiro |