A assembleia de credores da Cardifil, hoje reunida no Tribunal de Águeda, concluiu pela falência da empresa têxtil de Arrancada do Vouga, lançando 103 trabalhadores no desemprego. A assembleia, que havia sido suspensa por 120 dias, a pedido do administrador judicial, João Pereira, acabou por confirmar hoje a falência da empresa por terem sido ultrapassados os prazos para deliberar sobre a medida de recuperação. O administrador judicial chegou a delinear uma saída para a empresa, que passava pela consolidação do passivo até 15 anos e pagamento dos valores devidos aos trabalhadores em cinco anos, mas as negociações com o Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e ao Investimento (IAPMEI) para apoiar a recuperação não tiveram êxito. A ultrapassagem dos prazos legais estabelecidos ditou a falência da empresa, se bem que a falta de bens imobiliários em garantia e a ausência de encomendas conduziram a Segurança Social, principal credora, com créditos no valor de 1,2 milhões de euros, a discordar da recuperação, pelo que a proposta não reunia os créditos necessários. No final da assembleia, que decorreu no gabinete da juíza e foi aguardada com ansiedade por cerca de uma centena de trabalhadores, Leonilde Capela, coordenadora do Sindicato Têxtil de Aveiro, disse que foi "um despacho esperado, porque a empresa tem atravessado dificuldades e desde 30 de Agosto que não tinha encomendas para laborar". "Má gestão teve de haver porque os trabalhadores andaram meses a trabalhar 10 horas por dia e quando vieram de férias encontraram a fábrica fechada", lamentou. O Sindicato apresentou também uma denúncia "por ter havido benefício de um credor, fora do processo, que conseguiu o pagamento dos seus créditos". Com a falência da Cardifil vão para o desemprego 103 trabalhadores, 80 dos quais se mantinham ao serviço, enquanto os restantes já haviam suspenso os contratos de trabalho por ordenados em atraso. A Segurança Social é a maior credora, com 42,7 por cento dos créditos reconhecidos, seguida de um fornecedor com 22,2 por cento e dos próprios sócios, com 6,4 dos créditos à conta de suprimentos. João Carlos Pereira, até agora administrador judicial, escusou- se a ficar como gestor da massa falida, função para que foi nomeado Romão Nunes. A Cardifil laborava em instalações arrendadas e o património limita-se às máquinas e equipamentos.Diário de Aveiro |