No passado domingo, o Rancho Folclórico Infantil da Casa do Povo de Vilarinho do Bairro levou a cabo a segunda edição do seu Festival Infantil de Folclore, num evento que reuniu muitas dezenas de participantes, provenientes dos mais diversos pontos do país, nomeadamente da Póvoa do Varzim, Penafiel, Grijó e Tondela. Sobre este jovem rancho - com apenas quatro anos de existência - e sobre o rancho adulto, JB conversou com Manuel Oliveira, que lidera a Casa do Povo, vai para cinco anos. ANO EXCEPCIONAL Ao nosso jornal fez um balanço “excepcional” de 2005 em matéria de actuações de ambos os ranchos - infantil e adulto - na medida em que as solicitações para a actuação surgiram de norte a sul do país, desde o início do ano. Manuel Oliveira, há vários anos ligado à música, assim como a iniciativas culturais e artísticas, reconhece neste Rancho Infantil não só uma forma de manter as crianças e os jovens ocupados numa actividade salutar, como também um excelente meio de “angariar” elementos para o grupo adulto: “temos alguns jovenzinhos que já dançam no rancho adulto e que começaram aqui no infantil”, reconheceu, avançando também que “só há dois anos, é que começámos a realizar o festival infantil de folclore como uma forma de premiar e reconhecer o importante papel do rancho”, que é, sem dúvida, “o suporte humano do rancho adulto quer vem aqui buscar alguns dos seus elementos”. ELES COMPLETAM-SE Na realidade, um e outro rancho - infantil e adulto - interligam-se e completam-se: o corpo musical e coral são comuns aos dois assim como o dia dos ensaios (sexta-feira à noite) e alguns dos seus elementos, que acabam por ter laços familiares entre si (pais e filhos). Manuel Oliveira recorda como o seu aparecimento se ficou a dever, vai para cinco anos, a alguns elementos que integravam o rancho adulto e que gostariam também de ver os seus filhos a dançar num grupo apropriado às suas idades: “começamos a juntar as crianças que, depois, nas escolas, foram passando a palavra e, pouco tempo depois, as solicitações para entrarem no grupo aconteciam naturalmente, como ainda hoje acontece”, recordou. Composto por 10 pares, com idades compreendidas entre os 5 e os 15 anos, o Rancho Infantil da Casa do Povo integra, na sua maioria, crianças da freguesia, contudo as portas estão abertas a crianças de outras localidades limítrofes, destacando Manuel Oliveira a presença no grupo de crianças do (Bolho, Paredes do Bairro e Couvelha). “Aqui, para este rancho infantil nunca tivemos dificuldade em arranjar crianças, pois até no final das actuações do rancho surgem-nos solicitações para a entrada de mais meninos”, avançou aquele responsável, que vê como maior dificuldade no trabalho de preparação e ensaio “o facto de serem crianças e gostarem muito da brincadeira”. No entanto reconhece-lhes uma grande vantagem: “são muito obedientes, respeitam muito o ensaiador, Rui Santiago, e têm muita facilidade na aprendizagem e interiorização das danças e das músicas”. Solicitados de norte a sul do país, só este ano já actuaram em localidades como Sesimbra, Alfragide, Vila Seca (Lisboa) e Grijó, tendo 2005 constituído o ano com maior número de saídas, muitas delas a obrigarem o acompanhamento e presença dos pais “sempre muito colaborantes, amigos e participativos”. Embora os ranchos - infantil e adulto - não sejam federados, Manuel Oliveira diz não encontrar “mais valias ou benefícios por isso”, ao mesmo tempo que também reconhece que “embora tenhamos 10 anos de vida (rancho adulto) reconheço que ainda não chegámos ao patamar de exigência que a Federação Portuguesa de Folclore exige”. Numa época em que as tradições, os usos e os costumes parecem ter os dias contados, ameaçados pelo progresso e desenvolvimento das sociedades, a verdade é que, na freguesia de Vilarinho do Bairro, concelho de Anadia, a Casa do Povo tem sabido dar a volta à questão. DIGNO REPRESENTANTE DO FOLCORE BAIRRADINO Os ranchos “estão de pedra e cal”, reconheceu Manuel Oliveira, orgulhoso do grupo de trabalho, cada vez mais solicitado, não só a nível nacional - este ano já passaram por Odemira, Sintra, Valença do Minho, Penafiel, Sesimbra - , como também internacionalmente. Com um repertório exclusivamente bairradino, os ranchos, nomeadamente o adulto, composto por 11 pares, já experimentou as andanças da internacionalização, com actuações realizadas em França e no Luxemburgo. “Estamos em franca actividade”, reconheceu aquele responsável que tem como principal meta“continuar a fazer o melhor trabalho possível, por forma a ser um digno representante do folclore bairradino”. A terminar, Manuel Oliveira não deixou também de agradecer o apoio dado pela Junta de Freguesia de Vilarinho do Bairro e Câmara Municipal de Anadia que “logística e monetariamente vão ajudando a Casa do Povo” que mesmo assim se vê obrigada a fazer “uma enorme ginástica orçamental”, até porque todos os anos se vêem obrigados a investir no vestuário dos elementos mais pequenos.
Catarina CercaDiário de Aveiro |