CEIA DE VINDIMA COM HOMENAGENS NA EMENTA

Promovida pela Casa do Povo do Troviscal, teve realização, no último sábado, dia 15, mais uma edição da típica ceia de Vindima, evento que teve como momento mais alto e significativo a homenagem prestada a duas figuras: António Luzio, que foi autarca, já do outro lado deste mundo, e Regina Castro, maestrina do Grupo Coral, a quem se deve o salto qualitativo.

António Luzio - o bom servidor

O lema que preside a estes reconhecimentos ou homenagens, definiu-o o presidente da Casa do Povo, António Peixoto. Será contemplada sempre figura ou instituição que “pelo seu esforço e dedicação, tenham contribuído, de uma forma positiva, para o desenvolvimento e elevar o prestígio da nossa freguesia”.

Este ano, as figuras homenageadas foram António Simões Luzio e Regina Castro.

António Simões Luzio nasceu em Bustos em 20 de Novembro de 1920 e viria a falecer em 29 de Dezembro de 2004, depois de uma vida ao serviço da comunidade, tanto junto da Arviscal de que é considerado um dos fundadores, como ao serviço da autarquia e consequentemente da freguesia.

Membro de uma família numerosa (6 rapazes e uma rapariga), a vida não lhe foi fácil. Começou por desempenhar a arte de barbeiro, cumpriu o serviço militar, casou com Benilde de Jesus Graça, emigrou, como muitos outros, para o Brasil de onde havia de rumar para a Venezuela. Com conhecimentos na Venezuela, para onde rumou o seu filho (Hélder), integrou um grupo que teve como grande objectivo a angariação de fundos para a construção do complexo desportivo da ARVISCAL, “conseguindo somas avultadas que permitiram a constituição da sociedade em 1980, a aquisição de terrenos, a construção do campo com dimensões oficiais e uma pista de atletismo e respectivos balneários”, lembrou António Peixoto.

António Simões Luzio integrou mesmo os órgãos sociais da colectividade e é a ele que se deve a criação da equipa sénior. Integrou com sua esposa o Grupo Coral da Casa do Povo.

Como autarca, foi sempre o braço direito, primeiro, de Marcos Gaio (1990), depois, durante os três mandatos de Adelino Ferreira da Cruz.

“Homem bom, afável, aberto ao diálogo, pronto a servir, disponível para ajudar em todas as circunstâncias”, “ homem simples, amável, bom cidadão, interessado em servir o próximo sem querer louvores, tanto contribuindo para o enriquecimento da nossa freguesia”, na palavra de António Peixoto, ”foi ao Troviscal que se dedicou quase a tempo inteiro os melhores dias da sua vida.

Receberam a homenagem a esposa, Benilde de Jesus Graça, e o filho, Hélder. Chamados ao palco, a viúva recebeu uma coroa de rosas, em número de oitenta e quatro, que era a idade de António Simões Luzio e uma salva de prata.

Hélder Luzio, bastante comovido, foi quem agradeceu a homenagem a seu pai que definiu como “um homem simples, um homem bom, que está muito vivo dentro de mim e de minha mãe” e acrescentou ainda: “orgulho-me muito pelo que o meu pai fez por esta terra. Valeu a pena vir para o Troviscal”.

Regina Castro - a maestrina do êxito

Uma salva de prata e um ramo de flores recebeu também a maestrina, Regina Castro, que nasceu na África do Sul, onde iniciou os estudos de música, mas a instabilidade política obrigou os pais (o pai é natural do Troviscal) a regressar a Portugal em 1987, tendo feito os seus estúdios académicos -psicologia e ciências sociais - na Universidade de Coimbra.

Em 1989, assumiu a direcção do coro litúrgico do Imaculado Coração de Maria, de Amoreira da Gândara, onde reside, e, em Outubro de 2000, tinha outro desafio pela frente: dirigir o Grupo Coral da Casa do Povo do Troviscal, (presente na ceia da vindima para cantar “Vindima” e “Olhos Negros”), onde “sempre soube desempenhar as suas funções como maestrina com uma dedicação fora do vulgar, sacrificando a sua vida pessoal, familiar e profissional, para entregar-se de corpo e alma”, referiu António Peixoto.

Com Regina Castro na direcção artística, o Grupo Coral conheceu dias felizes, deu o salto e nos eventos em que participou o grupo, a maestrina “com a sua simplicidade, humildade e saber, deixou bem alto o nome da nossa freguesia, concelho e distrito”, realçou o presidente da Casa do Povo. A ela se deve, em grande parte, o êxito que foi a participação do Grupo Coral do Troviscal no Festival Internacional de Coros em Itália em que marcaram presença 87 corais de todo o mundo, nomeadamente na actuação no Coliseu, “completamente cheio de público a aplaudir de pé”.

“Esta senhora gosta da nossa terra, trabalha por ela a troco de nada, por isso estamos todos agradecidos”, rematava o presidente da direcção da Casa do Povo do Troviscal.

Momentos de encanto

Com o ambiente de vindima e de colheitas recriado no salão da Assembleia Republicana - vides com uvas estendendo-se ao longo das paredes, uma dorna com bagaço, cestos de aro e poceiros, cântaros e até palhas de milho, etc. - mais de 250 pessoas, (marcaram presença autarcas - Acílio Gala, Adelino Ferreira da Cruz e Marcos Gaio) para além do convívio à mesa, onde não faltaram o pão, as azeitonas, o prato de batatas a murro com bacalhau, tudo em honra da tradição, ( que, por sinal, não foi muito respeitada), puderam apreciar momentos que foram preenchidos com bailarinas dançando a dança do ventre, com um toque oriental e sensual, encerrando com estudantes de Coimbra em boa exibição, dando espaço e voz à canção coimbrã, uma boa maneira de fechar a noite, com uma vindima de alegria e en (canto).

Armor Pires Mota
Diário de Aveiro



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