Mesmo com o clube em situação caótica, a Comissão Administrativa não pretende entrar em guerra directa com o ex-presidente. A hora é de renegociar e amortizar as dívidas.

10 mil euros pagos ao Estado

Com o clube mergulhado numa situação financeira difícil, os membros da Comissão Administrativa (CA) souberam para o que iam. Tiveram a coragem de pegar no clube, porque na sua perspectiva o Aguinense não pode fechar as portas.

José Mendes, porta-voz da CA, questionado a comentar de como encontrou o clube, disse que “encontramo-lo com uma série de dívidas. Foi-nos comunicado pelo anterior presidente que a dívida era de 72.817.22 euros, onde neste valor aparecem dívidas ao Estado de 5.935.61 euros, quando o valor real é de 25 mil euros”, acrescentando que “neste momento, segundo apurámos, o clube deve aproximadamente 100 mil euros, sendo que das dívidas mais importantes e urgentes a pagar é a dívida para com o Estado. Dos 25 mil euros, dez mil já foram pagos pela CA”.

José Mendes, quase em cada frase, nunca se esqueceu de dizer que “esta CA não quer entrar em polémica com o anterior presidente, nem queremos entrar em guerra directa. O ex-presidente prestou um bom serviço, mas, infelizmente, nas últimas épocas, denegriu e hipotecou o futuro do clube. Gostaríamos que nos entregasse todos os livros de actas, dos sócios, haveres do clube”.

O porta-voz da CA do Aguinense deixou um apelo aos sócios, simpatizantes e emigrantes para que ajudem o clube a ultrapassar esta crise.

Sobre o futuro e no plano desportivo, José Mendes afirmou que o objectivo “é tentar a melhor classificação possível. Pretendemos renegociar e amortizar o mais possível as dívidas, tendo consciência que o esforço vai ser tremendo”.

No campo das infra-estruturas, o clube conta com um departamento médico e sala de musculação de fazer inveja a muitos clubes do nacional, e melhorou o sistema de iluminação, tudo graças ao apoio da Câmara Municipal de Anadia e Junta de Freguesia de Aguim, sem esquecer as casas de banho.

Meio da tabela

Luís Pedro Bandarra pegou na equipa na parte final da época passada. Conseguiu a manutenção e, para a nova época, quer fazer o melhor possível, através de um trabalho de base.

O treinador do Aguinense pretende andar na parte de cima da tabela: “O objectivo é fazer um campeonato tranquilo. O plantel foi escolhido por mim, as lacunas foram colmatadas o mais possível, com jogadores de Aguim e alguns regressos, e espero trabalhar melhor que o ano passado”, numa equipa técnica que trabalha gratuitamente.

O Aguinense é um clube com pergaminhos e, pelo seu passado, o seu lugar era na 1.ª divisão. Luís Pedro Bandarra tem outra visão: “Acredito que quando estiverem reunidas condições estruturais e de logística, acho que é o seu lugar. Neste momento não, tendo em conta tudo o se passa, a sua realidade, é impensável”.

Começar um trabalho de base e face às dificuldades da época passada, o técnico do Aguinense sente que as responsabilidades são acrescidas, mas “como penso ir o mais longe possível como treinador, fiz o plantel ao meu gosto, de modo a que possa fazer um trabalho de qualidade e chamar a atenção de outros clubes com outras condições de trabalho e objectivos”.

Luís Pedro Bandarra pretende um ponta-de-lança, e tirando essa lacuna, afiança que o plantel é equilibrado para os objectivos traçados.

Manuel Zappa
zappa@jb.pt

PLANTEL

Guarda-redes: Marco Ferreira, André Costa (ex-júnior do Anadia) e Paulo Rodrigues (regresso).

Defesas: Ricardo Mendes, Miguel Sécio, Hugo Pires, Rui Ramos, Pedro Ferreira I, Pedro Ferreira II, Zé Campar, Tó David, António Simões (ex-júnior do Anadia), Joel (ex-Arinhos), Paulo Castro (ex-Famalicão) e Hugo Fernandes (ex-Luso).

Médios: Paulito, Marco Machado, Caló, Bruno Simões, Cataia, Ricardo Lopes (ex-Arinhos), Carlos Simões (ex-Mealhada), Chico Duque (ex-Luso) e Hugo Canteiro (ex-Famalicão).

Avançados: Sérgio (ex-Ajax da Silvã).
Treinador: Luís Pedro Bandarra
Treinador adjunto: João Carlos eMarco Cruz.
Diário de Aveiro