O PS foi o inimigo principal do presidente do C DS-PP, Ribeiro e Castro, na campanha eleitoral para as autárquicas, em que procu rou deixar a ideia de que os socialistas mentiram e são incompetentes na governa ção. Com um duplo discurso, ora virado para as autarquias, ora de âmbito nac ional, José Ribeiro e Castro fez tabu do tema presidenciais, embora não tivesse conseguido evitar que o agora militante de base Telmo Correia lançasse o ex-líde r Paulo Portas como potencial candidato. O presidente do CDS-PP disse que a ideia de Telmo Correia "foi um desvi o" à estratégia definida e acrescentou que espera para ver se "o ruído" à volta do assunto prejudicará o resultado eleitoral dos democratas-cristãos. A presença de Paulo Portas em acções de campanha foi outro motivo de po lémica, mas Ribeiro e Castro assegurou, num comício em Albergaria-a-Velha, em qu e apareceram juntos, que a presença de Portas era "bem-vinda". Certo é que Portas não voltou a aparecer junto de Ribeiro e Castro. Nas ruas houve quem não reconhecesse o novo presidente do partido e associasse as b andeiras do CDS-PP ao "Paulinho das feiras". Frio no contacto com as pessoas na rua, Ribeiro e Castro nunca se along ou em conversas, optando por apresentar os candidatos, breves cumprimentos e seg uir para as "arruadas", num programa intenso de paragens por pequenas freguesias . A ideia de que o PS está a "apropriar-se" do Estado foi repetida inúmer as vezes por Ribeiro e Castro, que apelou ao voto no CDS-PP como forma de protes to contra o Governo. O exemplo mais citado da "desorientação" do Governo foi o a umento do IVA. Ribeiro e Castro defendeu que as autárquicas são o primeiro passo para reverter a influência do PS na sociedade portuguesa, atribuindo "à cultura de es querda" e à "incompetência dos socialistas" a situação de crise que o país atrav essa. Com o objectivo de "reconstruir a malha autárquica" do partido, Ribeiro e Castro empenhou-se em explicar o programa autárquico do CDS-PP: baixar os imp ostos municipais, dar prioridade à saúde, educação e ambiente, incentivar o asso ciativismo empresarial, contas certas e gestão transparente. Sem nunca quantificar metas eleitorais, o líder do CDS-PP afirmou que q uer aumentar o número de autarcas, elegendo mais em concelhos de fraca implantaç ão, no sul do país, e conquistar a liderança onde "esteja ao alcance". Consciente de que as autárquicas são também o primeiro teste à sua lide rança, Ribeiro e Castro esforçou-se por cumprir a moção que apresentou ao congre sso de Abril, em que foi eleito, que aponta para o teste final: legislativas de 2009. Antes da campanha eleitoral já tinha dado "três voltas ao país" e duran te os 11 dias oficiais de campanha incentivou os "protagonistas locais" a darem o máximo nas autárquicas, sem esquecer que "a grande colheita" é em 2009. Privilegiando almoços e jantares com apoiantes, Ribeiro e Castro encont rou-se com empresários, visitou uma creche, mercados, instituições de saúde, alo ngou-se na defesa do mundo rural e andou de bicicleta na Marinha Grande para def ender o ambiente, seguido por todo o lado por uma reduzida mas barulhenta comiti va da Juventude Popular. Depois de ter passado dois dias em bastiões socialistas ou comunistas n o Alentejo, onde deixou de lado o fato e a gravata e usou calças de ganga, Ribei ro e Castro guardou os bastiões do CDS para a recta final. Em Oliveira do Bairro, Aveiro, em que os democratas-cristãos detêm a ma ioria absoluta, confessou-se "rouco mas animado" e afirmou que já sente "o perfu me da vitória".Diário de Aveiro |