“A homenagem que a Câmara Municipal de Anadia iria prestar, no início de Setembro, a António Joaquim da Conceição, artista de Ferreiros, autor do projecto do Monumento aos Mortos da Grande Guerra, foi adiada, assim que o presidente da Câmara Municipal teve conhecimento que Carlos Ribeiro (principal responsável pela pesquisa e espólio do artista) seria candidato à Junta de Freguesia da Moita, pelo Partido Socialista”. Quem o afirmou a JB foi o vereador socialista António Francisco Ferreira que, em Setembro de 2003, propôs, em reunião de câmara, que se homenageasse o autor do Monumento, natural de Ferreiros, no âmbito da passagem do monumento da Rua Padre Américo para a Praça Visconde de Seabra, onde inicialmente fora implantado. “Atitude pouco digna e anti-democrática” António Francisco Ferreira diz tratar-se de “uma atitude pouco digna e anti-democrática”, até porque, em reunião de câmara, “nunca escondi que iria solicitar a ajuda a Carlos Ribeiro por se tratar de uma pessoa da freguesia da Moita, muito interessada nas coisas da investigação, pesquisa e história da freguesia”, sublinhando também nunca ter havido “qualquer oposição, por parte do presidente, que sempre se mostrou interessado em acompanhar os progressos dos trabalhos que só agora foram concluídos”. O vereador socialista acrescenta ainda que “a única leitura possível e entendida é que face à apresentação pública, nos primeiros dias de Setembro, de Carlos Ribeiro como candidato do PS à Junta de Freguesia da Moita, o presidente da Câmara decidiu recuar com a homenagem para não promover um candidato da oposição”, não esquecendo que já este ano, “a homenagem fora várias vezes adiada tendo, posteriormente, ficado acertado, entre todo os elementos do executivo, o dia 10 de Setembro”, até porque, como explicou, “era a data que melhor se encaixava na agenda do Centro Cultural de Anadia uma vez que este espaço iria, durante a homenagem, incluir também uma exposição alusiva ao espólio do artista”. “Argumentos disparatados” Segundo António Francisco Ferreira, “quando regressei de férias, no dia 1 de Setembro, fui confrontado com o adiamento, sem data marcada”. Para o vereador, os argumentos, apresentados pelo presidente, “são completamente disparatados” e demonstram, claramente, “uma atitude de má fé e falta de vontade política”, frisando estar “zangado porque fiz a proposta em reunião de executivo, em 2003, nunca houve uma voz discordante e agora constato que a homenagem já não é possível neste mandato”. O vereador argumenta que “Litério Marques partiu do princípio de que a homenagem, em Setembro, seria promover o candidato do PS e, como tal, não seria recomendável”, pelo que “publicamente e enquanto vereador responsável pela homenagem, não posso deixar de lamentar que o empenho, a dedicação e esforço de Carlos Ribeiro na recolha e busca de informações tenham sido, para já, em vão”. A situação para si é tanto mais grave quanto “já estava tudo tratado com a família do artista, contactada e convidada para a cerimónia”, que não chegou a acontecer, avançando ainda que a data (10 de Setembro) está impressa no catálogo/modelo que foi já enviado para a gráfica. Aliás, sublinhou o vereador “nesse catálogo - uma edição da Câmara Municipal de Anadia - é apresentado logo numa das primeiras páginas um texto de abertura da responsabilidade de Litério Marques, assinado com a data de 10 de Setembro”, comprovando assim que esta era a data determinada para a homenagem. A JB António Francisco Ferreira referiu ainda que as explicações dadas pelo edil anadiense, na reunião de câmara, se prendiam com a necessidade de haver uma autorização, por escrito, que permitisse a colocação de uma placa na casa onde alegadamente nasceu António Joaquim da Conceição. “Eu tratei, pessoalmente, por telefone, com o proprietário da casa que me garantiu não haver qualquer inconveniente em colocar a placa na casa”, disse o vereador acrescentando também que “se tinha de ser por escrito a Câmara e a Junta de Freguesia é que falharam pois não efectuaram esse pedido atempadamente”, estranhando o argumento, até porque, o proprietário da casa faz parte do actual executivo da Junta. Relativamente à sepultura, acrescentou: “Litério Marques argumentou ainda que havia confusão relativamente à sepultura onde estaria sepultado o artista, não havendo autorização para permuta de sepulturas com os proprietários”, isto porque, inicialmente, se tinha pensado em colocar uma placa no cemitério. A solução seria fácil disse: “se existiam dúvidas saltava-se esse ponto e não se fazia nada no cemitério. Só lamento é que há dois anos tenha sido solicitado à Junta da Moita indicação sobre o local onde o artista se encontrava sepultado e a resposta ao ofício só tenha chegado agora recentemente dizendo que tinha sido impossível, após consulta de documentos, concluir em que campa ele estaria sepultado”, quando “Carlos Ribeiro consultou os documentos, analisou os mesmos e sabe onde o artista está sepultado”. “Lamento a tentativa de aproveitamento político” Contactado por JB, Litério Marques diz “já estar habituado que, em tempo de eleições, se fale e se especule muito”, acrescentando em relação à homenagem que “estamos disponíveis para fazer a homenagem assim que estiverem reunidas todas as condições”. Recusando as acusações que lhe foram imputadas pelo vereador socialista, acrescenta que “não era possível colocar a placa na casa sem haver uma autorização por escrito”, acrescentando ainda que “não estou aqui para defender ninguém. Se a Junta de Freguesia não agiu bem foi por culpa de um elemento que perdeu por um voto e que teve o desplante de mostrar pouco respeito pela freguesia ao não assumir as suas funções na Junta de Freguesia, defraudando as pessoas que votaram nele”. Quanto à Câmara Municipal “só nos resta pedir desculpa pela tentativa de aproveitamento político", até porque a homenagem será ainda será este ano: “a Câmara tem bastantes obras e não vai inaugurar nenhuma antes das eleições por uma e questão de ética.” De qualquer forma, a terminar, deixou mais uma farpa: “veja-se a velocidade de trabalho da oposição, os trabalhos para a homenagem iniciaram-se em 2003 (proposta do vereador da oposição) e só agora em 2005 ficaram concluídos. As pessoas que tirem as ilações que entenderem. Catarina CercaDiário de Aveiro |