Em declarações ao Diário de Notícias, Cardoso Resende defende que Portugal precisa de definir as áreas de maior risco de contaminação do vírus da gripe das aves para as poder vigiar.

O bastonário diz que só através da definição dessas áreas será possível fazer uma monitorização "activa e sistemática" do alegado perigo das espécies migratórias na transmissão da doença.

"As zonas a vigiar de forma mais permanente são as que têm maior superfície de água e onde chegam as aves migratórias em abundância", explicou ao jornal.

Cardoso Resende considera ainda que a União Europeia deve financiar a monitorização das áreas de maior risco, por essa ser uma medida que acarreta muita despesa para os Estados.

"A cobertura da monitorização da UE faz todo o sentido e não se pode olhar aos gastos necessários para a montagem de um sistema, face aos benefícios extraordinários que pode trazer", defendeu.

Se não o fizer, o responsável acredita que "a Europa lamentar-se- á dessa avareza na distribuição de recursos".

O bastonário da Ordem dos Médicos Veterinários alertou que a gripe das aves "é uma doença que pode trazer avultadas consequências económicas e que encerra o perigo da sua transmissão para o homem".

Em Portugal, o sistema de vigilância da gripe das aves realizou este ano mil análises em explorações avícolas, que deram todas negativas, e vai intensificar a amostragem em aves aquáticas migratórias segundo dados da Agência Portuguesa de Segurança Alimentar (APSA) a que a Agência Lusa teve acesso.

A APSA esclareceu entretanto que os consumidores de aves não correm risco de contaminação da doença porque o vírus não resiste a temperaturas superiores a 70ºC, pelo que "a transmissão através por ingestão de alimentos cozinhados acima desta temperatura é improvável".

A gripe das aves é uma doença de origem animal (zoonose) provocada por um subtipo de vírus influenza (H5N1), tendo sido desta forma baptizado por ter sido inicialmente registado apenas em espécies de aves, como galinhas.

Também os patos e gansos são afectados, sendo os principais reservatórios do vírus H5N1.
Diário de Aveiro