Os incêndios florestais consumiram desde o início do ano uma área estimada em 240 mil hectares e o Governo poderá optar por alargar a época oficial de fogos, fixada actualmente em 30 de Setembro. Os dados foram hoje apresentados numa conferência de imprensa na Presidência do Conselho de Ministros, onde o ministro da Administração Interna, António Costa, admitiu a possibilidade de ser alargada a época de fogos, estabelecendo como data limite para essa decisão o dia 15 de Setembro. A decisão do Governo está dependente das condições meteorológicas e da evolução da situação, mas António Costa frisou que, tal como este ano foi antecipada em quinze dias, a época de fogos também poderá ser necessário prolongá-la em termos operacionais. Os custos vão depender do número de dias e dos meios a mobilizar, acrescentou o ministro, referindo que estão já esgotados os contratos para horas de voo, nos meios aéreos de combate, e que será necessário pagar horas extraordinárias, o que está previsto nos contratos. O Governo está a fazer uma avaliação da situação, que prevê uma revisão da actuação dos meios de primeira intervenção. António Costa defendeu que, além de outras medidas, é necessário apostar na vigilância terrestre por via pedonal. O ministro referiu que o conjunto de ministérios com responsabilidades na floresta, habitação e segurança social, está a apoiar as populações afectadas e que neste momento não há ninguém "tecnicamente desalojado". António Costa sublinhou que Portugal vive este ano o pior risco de incêndio dos últimos cinco anos, com um baixo nível de humidade no solo, tendo aumentado a área ardida em 7,5 por cento face à média 2000-2004. Até 28 de Agosto, a Direcção-Geral de Recursos Florestais registou 28.670 incêndios: 6.093 fogos florestais e 22.577 fogachos, que consumiram 166.339 hectares, valor já confirmado no terreno. A mesma direcção-geral estima, contudo, que o total da área ardida - incluindo a dos últimos incêndios dos últimos dias - ronde os 240 mil hectares, valor obtido através da analise de imagens de satélite. Os maiores valores de área ardida registaram-se nos distritos de Coimbra (22.661 hectares), Aveiro (19.108), Leiria (18.822) e Vila Real (17.559). O maior número de ocorrências verificou-se nos distritos do Porto (6.518 hectares), Braga (3.906) e Aveiro (3.612). Encontram-se apurados 172 grandes incêndios, que devastaram 125.754 hectares, 76 por cento do total da área ardida. Em 2004, arderam em Portugal cerca de 129.539 hectares e em 2003, o pior ano das últimas duas décadas, ultrapassou os 425.000 hectares.Diário de Aveiro |