O director da Autoridade Nacional para os Incêndios Florestais (ANIF), Ferreira do Amaral, admitiu hoje que a área ardida este ano poderá ter chegado aos 180 mil hectares. Numa conferência de imprensa na sede do Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil (SNBPC), na sequência de uma reunião da ANIF, o responsável disse que não tem números actualizados sobre a área ardida mas admitiu que "ande pelos 180 mil hectares". Desde o dia 13 de Agosto que o número médio diário de fogos ronda os 400, disse Ferreira do Amaral, acrescentando que às 17:00 de hoje havia 25 incêndios no país. Este ano o número de incêndios em Portugal vai em cerca de 27.000, disse o responsável. De 01 de Janeiro a 23 de Agosto foram detidas 115 pessoas suspeitas de fogo posto, disse Amândio Torres, director nacional adjunto da ANIF, especificando que destas 47 foram presas pela GNR, 62 pela PJ e seis pela Guarda Florestal. "Foram levantados por parte do Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente 539 autos de contra-ordenação, e por parte da Polícia Florestal 160 autos de contra-ordenação e mandados 698 autos para Tribunal", acrescentou. As 115 detenções resultaram em 26 prisões preventivas, disse Ferreira do Amaral, considerando que esta matéria é sensível para a população, tanto mais que "muitos incêndios são de natureza criminosa". Na reunião de hoje da ANIF participaram, além do director e do director adjunto, o presidente do SNBPC, Manuel Ribeiro, o presidente do Instituto de Conservação da Natureza (ICN), João Menezes, o presidente da Agência para a Prevenção dos Incêndios Florestais, Luciano Lourenço, uma representante do Instituto de Meteorologia, Teresa Abrantes, e outra da Direcção-Geral dos Recursos Florestais, Rita Costa. Ainda que os últimos dias tenham sido dos piores em termos de incêndios florestais, a reunião da ANIF não foi de balanço mas essencialmente para discutir um relatório que tem de ser entregue em Outubro, nas palavras de Ferreira do Amaral. O responsável disse também desconhecer o número de casas ardidas até agora. "Penso que o governo tem esses números", afirmou. Questionado sobre se o governo devia ou não accionar o plano nacional de emergência Ferreira do Amaral disse que a questão não foi falada na reunião e que não tinha opinião sobre isso e que só tinha que aceitar "o que políticos definem". Depois minimizou ainda o facto de os Bombeiros Voluntários do Porto lamentarem não serem chamados para combater mais fogos, afirmando que têm participado em alguns casos de combate a incêndios. Ferreira do Amaral, confrontado com uma pergunta de um jornalista, disse desconhecer casos de licenças para lançamento de foguetes, e quanto ao incêndio que mais preocupava os bombeiros na tarde de hoje disse que era na área de Coimbra. Teresa Abrantes foi mais precisa, explicando que para os próximos nove dias a tendência é para diminuir o risco de incêndios, com uma descida gradual das temperaturas e alguma precipitação, fraca, a partir de quinta-feira.Diário de Aveiro |