AS PESSOAS ESTÃO PREPARADAS PARA A MUDANÇA

“O PSD deve ganhar as próximas eleições autárquicas, para bem do concelho de Oliveira do Bairro”. Quem o afirma é Laura Pires, presidente da Comissão Política do PSD de Oliveira do Bairro, que conquistou de novo a concelhia.

Numa entrevista ao JB Laura Pires fala de uma reeleição que foi motivada pela discordância dos militantes em torno da escolha do candidato, Levi Malta, e pela consequente destituição do anterior presidente da concelhia. Afirma que era necessário avançar para uma solução e que assumiu as suas responsabilidades nesse processo.

“Quem não deve, não teme”

Jornal da Bairrada - Perdeu a liderança da Concelhia, mas, pouco tempo depois, voltou a ganhar a concelhia, através de uma moção de censura. Porque não aceitou a derrota, e quis conquistar de novo o poder?

Laura Pires - Para mim, bem mais importante do que ganhar eleições de forma democrática, é exercer o mandato - em qualquer órgão político - de forma democrática. Sou uma militante activa do PSD e como tal tomo posições nos plenários do meu Partido para defender os valores e ideais em que acredito, posições de crítica e posições construtivas.

As eleições para a Comissão Política foram apenas um momento na construção do percurso - este sim, importante - que o Partido está a fazer para ganhar as eleições autárquicas em Oliveira do Bairro.

- Não se trata de um ajuste de contas? Ou é apenas o desejo absoluto do poder?

- Em anteriores eleições autárquicas, na estrutura JSD, trabalhei com alguns dos militantes que estiveram na concelhia até há pouco tempo. Nessa grande estrutura de Juventude fui vice-presidente do Paulo Figueiredo, durante dois mandatos, conhecemo-nos bem, politicamente falando. É além do mais um colega de profissão que respeito e um político com o qual divirjo, mas que faz parte e trabalhou para o mesmo Partido em que me revejo.

Acreditamos e queremos o mesmo numa questão muito importante - o PSD deve ganhar as próximas eleições autárquicas, para bem do concelho de Oliveira do Bairro.

- É acusada pela anterior concelhia “de todo um processo pouco claro que teve o apoio das “chefias” do PSD”. Comente?

- Há dois ditados populares que respondem, eloquentemente, à sua pergunta: “quem não deve, não teme” e “para cá do Marão, mandam os que cá estão”.

Os muitos militantes do PSD que promoveram esta alteração da estrutura interna do Partido são os únicos responsáveis e os únicos actores deste processo. Incluo-me nesse grupo - daqueles que, na política, lutam para alcançar mais e melhor, a bem de todos.

“O PSD tem que olhar para a frente”

- Há uma coincidência flagrante. A Moção surge após Acílio Gala ter anunciado a sua não recandidatura. Será que Gala também é responsável pelas desavenças no PSD?

- Mal vai o Partido que faz por que os outros Partidos fazem ou não fazem, que vai porque os outros vão ou não vão, que diz porque os outros dizem ou não dizem. Isso é mais ou menos como conduzir a olhar para o lado ou para trás, a olhar para os outros - não pode dar bom resultado.

O PSD tem de olhar para a frente, muito para a frente, porque este concelho está parado. Isto para dizer que defendemos que o PSD deve ter a sua estratégia definida por forma a ganhar as eleições por si mesmo - pelo mérito das pessoas e das propostas que apresenta. Não devemos andar por aí ao sabor dos outros, mas, sim, fiéis a nós próprios.

- O que levou esta concelhia a apresentar a Moção de Censura: Paulo Figueiredo, como presidente da concelhia, ou a figura escolhida para encabeçar a campanha das autárquicas?

- A Moção de Censura foi apresentada por um grupo alargado de 80 e tal militantes do PSD. A principal discordância que tínhamos era referente ao nome proposto, que não era consensual, não unia o Partido.

Este movimento foi crescendo, tentaram-se várias abordagens - afastamento do nome proposto por iniciativa própria ou pela Comissão Política. Só perante a impassividade de ambos, um grupo de militantes avançou com a moção de censura. Era necessário avançar para uma solução e eu, como sempre para o bem e para o mal, assumi as minhas responsabilidades nesse processo.

“É urgente mudar o concelho”

- No meio desta confusão surgem cartazes da concelhia da Laura, sem fotografia, e no dia da decisão da Conselho de Jurisdição Nacional surgem os suportes para a colocação dos cartazes de Levi Malta. Como explica esta situação?

- Os únicos cartazes que existem e que todos podem ver, foram devidamente colocados pela Comissão Política do PSD a apelar a uma Mudança a Sério em Oliveira do Bairro.

São cartazes marcantes, que definem claramente o caminho que nos propomos percorrer - com força e convicção, com projectos e pessoas credíveis, com trabalho e diálogo para mudar o concelho. É preciso saber dialogar, mas decidir, ouvir para agir, conhecer para criticar e apontar soluções.

Todo o PSD, juntamente com simpatizantes e mesmo independentes, está disponível para trabalhar para que a “Mudança a Sério” aconteça em Oliveira do Bairro.

É esta força que está a crescer pelo concelho que nos anima. Os cartazes são necessários, mas a importância está nas pessoas, no que elas nos dizem e pedem a favor do concelho - é urgente mudar o destino do Concelho. O único Partido que tem condições para o conseguir é o PSD.

- Quer comentar a anterior liderança da Comissão Política?

- Como já referi, esse assunto já foi discutido nos locais próprios e está encerrado.

- Como define esta nova equipa?

- A Comissão Política do PSD tem uma saudável conjugação de pessoas com muita experiência e história no Partido, com pessoas que fazem o seu percurso político há menos tempo, mas com muita motivação e optimismo.

É uma equipa que está fortemente empenhada em ajudar a construir um concelho melhor, mais bonito, que garanta menos poluição e melhor qualidade de vida, diversidade cultural, equipamentos de qualidade, urbanismo harmonioso, desporto e segurança para todos.

- Os problemas que o PSD teve, internamente, não criaram algum descrédito na população? Como vai resolver o problema?

- A população do concelho sabe que quer Mário João Oliveira, candidato à Câmara Municipal, quer Dias Cardoso, candidato à Assembleia Municipal, são pessoas de muito sucesso e credibilidade em termos quer pessoais, quer profissionais, quer associativos.

São pessoas que há muito se dedicam com empenho e honestidade às suas carreiras e ao bem comum. São estas as pessoas a quem o PSD confia - ao mais alto nível - a “Mudança” que todos querem que aconteça em Oliveira do Bairro.

Os muitos munícipes que se voltam para o PSD à procura de alternativa ao poder instalado, encontram credibilidade, serenidade, empenho, sucesso, consenso, vitalidade, experiência, inovação - e sabem que podem confiar ao PSD os destinos do Concelho.

“A palavra do nosso candidato à Câmara é uma escritura”

- Como vai “recapturar” os sociais-democratas que até aqui votaram Acílio Gala? E aqueles que entraram em rotura com o próprio PSD?

- O concelho de Oliveira do Bairro é social-democrata, já muitos o afirmaram e eu reitero.

Por diversas razões, o eleitorado social-democrata tem-se afastado do seu voto natural no PSD. Mas agora, por todo o concelho, as pessoas estão preparadas para a mudança. Querem a mudança e não a temem. Sabem que é tempo de mudar, de mudar a aposta para que seja o concelho a vencer.

Cabe ao PSD mostrar que tem as pessoas certas para os lugares certos, que tem as propostas mais válidas e sérias. É esse trabalho que estamos a terminar. E as pessoas já sentem que algo está diferente no PSD, já sabem que vamos apresentar pessoas e propostas ganhadoras. É esta credibilidade que interessa às pessoas e foi por isto que lutámos.

- Acredita numa “Mudança a Sério” no concelho?

- Acredito na mudança a sério para Oliveira do Bairro e acredito que a mudança é necessária e urgente.Mas a minha opinião é só uma. O importante é o todo - a soma de todas as vontades, não o eu.

O importante é que todas as pessoas, pelo concelho fora, acreditem e apoiem a mudança, e que as pessoas sintam dentro delas que é tempo de mudar e que não é preciso ter medo de dar força a essa vontade livre e esclarecida.

- O que é para si uma “Mudança a Sério” no concelho?

- É “Mudar a Sério” a política de Juventude que a JSD reivindica há muito tempo. É “Mudar a Sério” na relação com os industriais e as zonas industriais - temos de apostar numa política que, no respeito pelo ambiente e em zonas industriais com qualidade, favoreça a criação de postos de trabalho estáveis e duradouros.

É “Mudar a Sério” na educação - é inadmissível que ainda tenhamos escolas primárias (que são da responsabilidade da Câmara) onde os estudantes ou morrem de frio ou morrem de calor. É “Mudar a Sério” no planeamento e ordenamento do território - é um escândalo termos 13 planos de pormenor que custaram milhares e milhares de euros e nenhum deles estar eficaz ou sequer em vias de o estar.

É “Mudar a Sério” nas finanças locais - rigor desde a elaboração dos projectos até à execução das obras, não podemos aceitar trabalhos a mais nas obras, sempre na ordem dos 24%, no limite legal. É “Mudar a Sério”na questão ambiental - as medidas foram tão prometidas e nada está feito, assim como na forma de fazer política, ouvir e respeitar seriamente as oposições e os munícipes.

Não basta ir à festa e ao funeral, o respeito está muito para além disso. Mudar é prometer para cumprir e não para ganhar eleições e esquecer os compromissos logo a seguir. A palavra do nosso candidato à Câmara é uma escritura.

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- Quais as maiores críticas à gestão de Gala?

- Critico o facto de há 16 anos o CDS andar a prometer melhor educação e lamento o facto de termos as mesmas escolas primárias de há mais de 20 anos atrás; critico não ter o CDS aderido ao sistema do Carvoeiro, para abastecimento de água ao concelho, proposta do PSD há 12 anos, e lamento as roturas por arranjar, os desperdícios, as torneiras nos largos há anos a verter, e que por isso todos vão sofrer este Verão - o que seria se todos estivessem ligados à rede de água.

Critico a falta de rigor em planeamento e execução de obras como a do saneamento da Palhaça e lamento o dinheiro gasto a mais por esses erros de previsão; critico a falta de dinamismo e inovação nas iniciativas camarárias e lamento que por isso os nossos munícipes procurem outros concelhos mais progressistas quer em matérias de bom emprego e urbanismo, quer em matérias de cultura e diversão.

Critico muitas outras questões, mas também respeito a obra feita e o trabalho desenvolvido. Discordo das prioridades, dos erros, do estilo, dos gastos a mais, mas respeito o homem político Acílio Gala.

Pedro Fontes da Costa
pedro@jb.pt
Diário de Aveiro



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