A situação de seca em Portugal continental na segunda quinzena de Junho piorou, com quase a totalidade do território (97 por cento) em situação de seca severa e extrema, segundo o relatório divulgado pelo Instituto da Água. O documento do Programa de Acompanhamento e Mitigação dos Efeitos da Seca revela que a 30 de Junho 64 por cento do território estava em situação de seca "extrema" (contra 50 por cento a 15 de Junho) e 33 por cento em seca "severa" (contra 29 por cento a 15 de Junho). "Em termos de percentagem, os valores (de precipitação) foram inferiores a 20 por cento em grande parte do território", refere o documento. O relatório acrescenta que no final do mês de Junho "a percentagem de água no solo em relação à capacidade de água utilizável pelas plantas era inferior a 40 por cento em todo o território, valores muito inferiores aos médios para esta época do ano". "Nas principais albufeiras os volumes armazenados registam os efeitos da utilização destes recursos com decréscimos normais nas bacias hidrográficas dos rios Cavado, Ave, Tejo e Barlavento do Algarve", refere o documento. Face aos efeitos da seca, estão a recorrer a autotanques para abastecimento de água 39 municípios, uma situação que afecta 22.385 habitantes. Segundo o relatório, registam-se medidas de contenção de consumos através da redução nos períodos de abastecimento em 15 municípios: Alcácer do Sal, Alenquer, Almeida, Armamar, Arouca, Carrazeda de Ansiães, Celorico de Basto, Fafe, Lourinhã, Mealhada, Mértola, Odemira, Serpa, Vale de Cambra e Vouzela. Esta situação abrange um total de 25.217 habitantes. Por outro lado, pediram apoio técnico para captação de águas subterrâneas 19 municípios. No que se refere aos municípios do Algarve abastecidos pela empresa Águas do Algarve - indica o relatório -, foram encontradas soluções a nível de cada concelho "para compensar a redução de 50 por cento das extracções das captações de Vale da Vila que estavam a induzir rebaixamentos excessivos no aquífero de Querença-Silves". O documento indica ainda que, na segunda quinzena de Junho, a Comissão para a Seca "tomou medidas excepcionais, classificando a situação de seca em nível 3 nas áreas dos municípios do barlavento servidas pelo sistema das Águas do Algarve". O relatório recomenda ainda a todas as entidades gestoras "que prevejam eventuais degradações da qualidade da água e adoptem medidas em conformidade". No domínio das actividades agrícolas e pecuárias, confirmam-se as "quebras significativas" de produtividade de cereais de Outono/Inverno em todas as regiões, mais acentuadas no Alentejo. "O arroz não registou qualquer alteração de área em relação à campanha anterior na Beira Litoral e no Ribatejo e Oeste, mas reduziu para metade no Alentejo", acrescenta. Para o milho de regadio, o relatório estima em 20 por cento a quebra de área semeada, face ao ano anterior, sendo de 30 por cento na principal região produtora (Ribatejo e Oeste).Diário de Aveiro |