Reunidas em Aveiro, as três associações de armadores exortaram os governos de Portugal e Espanha a intervirem junto da União Europeia (UE) para que pressione o Canadá a libertar o pesqueiro português, e acusam aquele país de estar a seguir uma estratégia para impossibilitar a pesca na zona.

O Santa Mafalda foi apresado domingo pelas autoridades canadianas por alegadamente ter pescado em Maio de 2003 em águas canadianas.

Em declarações à imprensa, o presidente da Associação dos Armadores de Pescas Industriais (ADAPI), Pedro França, acusou as autoridades canadianas de, com actuações como a do apresamento do Santa Mafalda, procurarem intimidar as tripulações para se recusarem a ir para a área.

"A humilhação que foi sofrida pelos tripulantes do Santa Mafalda e pelo armador, tratados como criminosos de um navio pirata, quando o Santa Mafalda é um navio nacional devidamente licenciado, tem como objectivo que os nossos oficiais se recusem a ir àquela zona", declarou.

José Fuertes, representante dos armadores espanhóis, fez a analogia do apresamento do Santa Mafalda com o caso do navio espanhol Estai, retido em meados da década de 90, e disse que a UE tem de ter uma posição de firmeza para com a actuação do Canadá.

Manuel Liria, outro representante de empresas espanholas, considerou que os governos nacionais e a União Europeia não podem ficar indiferentes: "Estamos perante uma actuação europeia muito débil dos países afectados que deveriam tomar uma posição política activa", defendeu.

O armador do navio apresado, Taveira da Mota, revelou que a empresa não tenciona pagar qualquer caução exigida pelas autoridades canadianas para libertar a embarcação.

"Não podemos confiar nas autoridades canadianas que actuam daquela maneira sobre um navio com pescadores indefesos, que estavam lá para ganhar a vida e respeitar a lei da área da NAFO", afirmou.

A NAFO é uma organização internacional criada pela convenção para a cooperação multilateral das pescarias no Atlântico Noroeste, que regula a actividade da pesca nas águas internacionais, mas que reconhece ao Canadá o direito de fiscalização.

De acordo com os armadores, está prevista uma reunião amanhã com o ministro português da Agricultura e Pescas.
Diário de Aveiro