O ESPÍRITO ACADÉMICO

O espírito académico aí está! A merecida diversão saudável quer ser o lema; a arte, cultura, desporto, música, desfile, tradição? a marcar a agenda do encontro festivo

Uma academia é muito mais que um lugar de estudo. Será um “ambiente” onde se “vive”, respira, inventa, idealiza, projecta? O “canudo” não pode ser, por isso, o único centro das atenções da vida académica, sob pena da visão dos saberes universais ficar limitada à especialidade exigentíssima de cada curso, o que poderá diminuir a essencial visão de conjunto, o espírito crítico mas construtivo, uma cultura geral rica que deve dimanar da vida académica? É verdade, há vida para além do Curso!...Porque “Aveiro é Nosso!...”

Provinda de tradição antiga em que os estudantes vinham para as ruas festejar o “final” do ano, as semanas académicas que percorrem o nosso país são também um sinal de criatividade e abertura dos estudantes da instituição de ensino à comunidade humana envolvente. Bem acima de qualquer excesso pontual (a evitar), reside neste espírito académico que se respira, sempre uma ponte de entre os estudantes e a cidade, região. Eles que, vindos, porventura, de outras paragens, caminham, se desenvolvem, adquirem conhecimento, captam lições para a vida, durante anos na nossa própria terra.

Felizmente que, desde a primeira hora, em terras aveirenses, a academia procurara pontes criativas, caminhos de desenvolvimento harmonioso na região, visão de lucidez inspiradora para, em terras de Ria e sal, todos sentirmos o gosto e a honra (sempre diariamente cheia de compromisso!) de erguer e habitar uma prestigiante academia, de referência nacional e internacional. Qual ‘mordente’ em moliceiro sempre novo, qual “sal” de vida nova que tem inspirado a visão e a capacidade de arriscar, destemidamente? e de recriar aquele espírito universal de Aveiro, onde “a arte e engenho” tem feito com que todos os Cabos passem a “Boa Esperança”!...

A comunidade humana aveirense, em todas as sinergias, hoje fundamentais para os grandes projectos, orgulha-se da sua academia. Nela, dia-a-dia, em tempos de gigantes desafios à vida pessoal de cada estudante em que os futuros são sempre incertos, é dado, em todos os âmbitos, pelo caminho da múltipla exigência responsabilizante, o máximo possível. Mas algo que nunca poderá substituir todo o empenho e atenção continuada de cada um. E cada vez mais, até na linha da resistência capaz de levar ao terminar do curso e à lúcida opção de vida, toda a nobre missão de ‘formar pessoas’ será sempre o ideal a perseguir.

Pessoas com pensamento, mas também capacidade de realização; cidadãos que sabem pensar a ‘cidade-e-comunidade’, mas, logo de seguida, vivem o gosto empenhado que vence a indiferença pela participação; vidas que da ‘ferramenta’ do curso - que nunca poderá dar ou produzir o sentido da vida - querem passar a um autêntico e dinâmico bem-estar capaz de dar mais uma visão de esperança à história cansada que as sociedades de hoje escrevem. Gente que se pergunta: Para que serve o conhecimento?! Mas que responde: para humanizar desenvolvendo a sociedade! Esta será a meta que dará a verdadeira realização de vida! Mas hoje, em dias difíceis no nosso Portugal, também a arte de resistir e inventar será dos trunfos mais marcantes? E, para inventar, haverá que parar, pensar, ‘magicar’!...

O espírito académico aí está! A merecida diversão saudável quer ser o lema; a arte, cultura, desporto, música, desfile, tradição? a marcar a agenda do encontro festivo. Momento também oportuno para destacarmos, por exemplo, na vida que vai dia-a-dia decorrendo para além do fundamental estudo, que na área musical as Tunas Aveirenses são brilhante referência nacional (vencedoras, envolvem-se com inesgotável generosidade em ‘causas’ solidárias), ou que na área do desporto universitário português “o topo é nosso” (de salientar que não há em Aveiro curso na área de desporto)! Magnífico! Sendo tais ‘triunfos’, estes e tantos imensos outros, fruto de humilde espírito de serviço, de autêntica entrega generosa de quem dá a vida pela Comunidade? também faz bem às nossas gentes aperceberem-se que, diariamente, nos mais diversos camp(u)s, o espírito de gosto e de pertença floresce, que a vida universitária dos estudantes contempla inúmeras realidades que querem ser oportunidade de desenvolvimento saudável na perspectiva do bem comum?. Nobre missão que edifica futuro(s)!

Se é certo que há sempre tanto percurso a trilhar, não é menos verdade que tem de haver tempo para tudo! É hora de festejar verdadeiramente e de revitalizar a esperança em cada ‘amanhã’!... Apostamos no espírito académico que grita: para uma vida feliz de saber universal comprometido vai “tudo”! Afinal, a excelência de sentido de humanidade será cada vez mais a “prova dos 9” do conhecimento e valores humanos apreendidos! Também aqui, como em tudo, há que lutar com simplicidade pela nota máxima!

Alexandre Cruz*
*Centro Universitário da Fé e da Cultura
Diário de Aveiro



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