João Paulo II fez, no decurso dos seus mais de 26 anos de pontificado, o terceiro mais longo da história da Igreja Católica, mais viagens, canonizações e beatificações do que qualquer dos seus antecessores. O pontificado mais longo - de 34 ou 37 anos, segundo os historiadores - foi o de São Pedro, o apóstolo que se tornou o primeiro Bispo de Roma. Desde então, só Pio IX permaneceu no trono papal mais de três décadas, de Junho de 1846 a Fevereiro de 1878. Treze Papas estiveram em funções mais de 20 anos, entre os quais Leão XIII - 25 anos e cinco meses -, período ultrapassado por João Paulo II em Março de 2004. O polaco Karol Woytila, um dos Papas mais poliglotas de sempre - falava praticamente todas as línguas ocidentais e uma grande parte das do leste, bem como latim e grego - foi também o chefe da Igreja Católica mais viajado. Desde a sua primeira viagem ao México (1979), visitou 131 países e 619 cidades, aldeias e santuários. A bordo de aviões, barcos e automóveis, percorreu mais de 1,7 milhões de quilómetros, em 104 viagens internacionais e 143 visitas pastorais em Itália, correspondentes a mais de 31 voltas ao globo e 3,23 vezes a distância da Terra à Lua. Estas digressões equivaleram a dois anos e nove meses de vida fora do Vaticano, o que representa cerca de uma décima parte do seu pontificado. João Paulo II foi igualmente a personalidade mais vista e tocada da história. De acordo com Orazio Petrosillo, jornalista-teólogo, perito em estatísticas religiosas, cerca de 400 milhões de pessoas viram-no em Roma ou no decurso das suas viagens e é impossível citar todas as personalidades que lhe apertaram a mão ou simplesmente o tocaram por devoção. Os seus discursos, encíclicas e documentos preenchem mais de 80.000 páginas, em 54 tomos publicados pelo Vaticano. O Papa polaco foi quem procedeu a mais canonizações (488) e beatificações (1.345) da história da Igreja Católica. No total, os seus antecessores procederam apenas a 300 canonizações e 1.310 beatificações. João Paulo II foi ainda quem mais cardeais e bispos ordenou. Em finais de Setembro de 2003, ordenou 201 cardeais, 31 dos quais foram confirmados num consistório realizado a 21 de Outubro do mesmo ano. Dos 164 membros do Sacro Colégio, nomeou 144. Durante o seu pontificado, duplicou o número de países com relações diplomáticas com o Vaticano: de 92, há um quarto de século, passaram agora para 178, menos 13 que os 191 representados na ONU.Diário de Aveiro |