ASSALTOS NO “ADRO” PROVOCAM SOBRESSALTO

A urbanização “O Adro” que não tem luz e está votado ao abandono foi palco de assalto a dois carros, na madrugada do passado dia 17, provocando a indignação e o descontentamento das pessoas que residem e trabalham naquela área e que reivindicam mais vigilância e patrulhamento por parte das forças policiais, bem como uma melhor iluminação da área.

“Às escuras, estão como querem”

Marco Paulo, proprietário de um dos carros assaltados mostrou a sua indignação, após verificar que lhe tinham sido roubados uma caixa de CD’s e um Woofer, sem que o alarme tivesse disparado. O lesado afirmou no entanto não desconfiar ”de ninguém, até porque se soubesse de alguma coisa, fazia justiça pelas próprias mãos”.

Ainda assim, para outros moradores, os suspeitos não são assim tão desconhecidos. Apontam mesmo o dedo. “Ultimamente, costuma juntar-se aqui, ao fim do dia, um grupo de gandulos”.

Esta foi a afirmação ouvida por diversas de alguns moradores, que afirmam ser um grupo de jovens, de idades compreendidas entre os 14 e os 20 anos.

O furto efectuado no outro veículo rendeu para os assaltantes uma carteira, que acabaria por aparecer nas imediações. O Núcleo de Apoio Técnico (NAT) esteve no local, de onde recolheu impressões digitais.

Uma moradora, que preferiu o anonimato, referiu que “temos medo que, um dia desses, também nos batam à porta; para além disso não podemos andar aqui de noite”. Para a moradora, “com isto tudo às escuras, eles estão como querem”, referindo ainda ”que os culpados de toda esta situação são os pais que dão demasiada liberdade aos filhos e depois eles transformam-se nesses bandidos”.

Outra das indignações populares é o facto de os candeeiros pertencentes ao prédio estarem “acesos de dia e apagados de noite”, sendo “nessa zona, ao lado da Churrascaria “Oli-Grill” onde eles se concentram”.

“Imitações de gangs”

As opiniões foram unânimes ao considerar que “a iluminação é deficiente”, bem como ao atribuir as responsabilidades para a Câmara Municipal de Oliveira do Bairro, que, segundo os moradores, “está a deixar nascer ali um grupo de delinquentes”.

Para os populares, a solução passaria por uma melhor iluminação na zona, bem como pelo patrulhamento constante da área, por parte da GNR.

Na opinião de outro morador, que vai mais longe nas suspeitas, “após a elevação da vila a cidade, parece que também aqui os miúdos gostam de parecer citadinos, como podemos verificar nas imitações dos gangs que se andam a formar pela localidade, bastando apenas passar ao fim do dia na zona da Biblioteca Municipal, para ver essas ridículas imitações”.

Agressões e ameaças

Supostamente levadas a cabo pelo mesmo grupo contam-se agressões a alguns jovens, bem como ameaças verbais. Não escapou mesmo à sua estranha fúria um idoso de Sangalhos.

No mesmo dia dos assaltos, pelas 18 horas, um conflito, junto à Biblioteca Municipal, entre o suposto grupo e Mário Martins de Oliveira, pai de um jovem, que foi recentemente agredido e vem sendo ameaçado, justificou a intervenção da GNR, que acabou por deter um indivíduo de 19 anos, residente em Sangalhos, que foi identificado na esquadra e posteriormente libertado.

Mário Oliveira, ex-emigrante na Venezuela, residindo actualmente em Oliveira do Bairro, identifica os elementos do grupo como “autores de várias agressões a pessoas que passam nas zonas onde habitualmente eles estão, sendo um grande problema que a cidade tem actualmente”.

Para além da Biblioteca Municipal, o pai do jovem identificou ainda, a Câmara Municipal e as imediações do Banco Totta, como os “postos onde se encontra frequentemente o gang”.

O lesado afirmou ter sido ameaçado, tendo-lhe sido, inclusivamente, dito que a sua filha estaria “debaixo de olho” e que o seu carro sofreria danos.

Com ar incrédulo, Mário Oliveira salientou o facto de “ter vindo da Venezuela para fugir à violência e encontrar paz, mas, afinal, aqui, isto está a ficar uma autêntica selva, porque está-se a lidar com jovens delinquentes, que são vingativos, e estão aqui para espancar e causar danos”.

O ex-emigrante remete ainda responsabilidades para “as forças policiais que não têm capacidade para intervir”, bem como para a autarquia e a escola que “nada fazem para mudar esta situação, quando deveriam agir perante os pais dos jovens para os sensibilizar”.

Renato Duarte
Diário de Aveiro



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