EXCELENTE CONCERTO DE COROS DA BAIRRADA

Decorreu, dentro das habituais perspectivas, a primeira parte do XI concerto de Coros da Bairrada, na igreja matriz, que tem excelentes condições acústicas para este tipo de eventos.

Evolução

Participaram, para além do grupo organizador - o Grupo Coral de Oiã - o Grupo Coral de Arcel, Espinhel, Orfeão de Barrô, Orfeão de Bustos e Orfeão de Recardães.

Marcaram presença a vereadora da cultura, Leontina Novo, Dária Isabel de Almeida Marques, em substituição do presidente da Junta, Dinis dos Reis Bartolomeu, pároco, padre Artur Tavares de Almeida, Joaquim Fresco, em representação do Centro Social de Oiã, e ainda o comendador Adolfo Roque, grande patrocinador da cultura e “padrinho” do Orfeão de Barrô e esposa.

Abriu, por razões que se prendem com a utilização de instrumentos, o Grupo Coral da Arcel que interpretou, através de seis peças, a criação do mundo, de Mariano Fuertes, fechando com um canto de acção de graças.

Foi um banho de frescura proporcionado por uma boa plêiade de vozes muito jovens, com o acompanhamento de guitarras electrónicas.

Por sua vez, o Grupo Coral de Oiã, a jogar em casa, esteve ao seu melhor nível, ao interpretar pequenas jóias da música coral, mas não deixando de incluir um bonito tema açoreano, “Olhos pretos”. Encerrou com uma peça muito vibrante e emotiva, “Tollite Hostias”, com Carla Moreira no órgão.

O Orfeão de Barrô a cuja apresentação, tivemos o privilégio de assistir, aquando da inauguração da sede da Abarca, continua no bom caminho, interpretando, com harmonia de vozes e qualidade de repertório. E a beleza foi crescendo até que, depois de uma deliciosa “a la nanita nana”, um arranjo popular de Norman Luboff transbordou de alegria - e alegrou todo o público - ao cantar o “Aleluia”, de Haendel.

Por sua vez, o Orfeão de Bustos, com o menor número de coralistas de todos os coros, para além do Stabat Mater, de Zoltan Kodally e “Panis Angelicus”, de Caseiolini, encerrou com um tema actual e questionante, sobre o sangue derramado pelo papa João Paulo II, vítima de atentado terrorista, intitulado “Porquê, porquê?”, um arranjo de Hernan Câmara e o próprio maestro, João Dinis Julião.

Encerrou o Orfeão de Recardães que mostrou todas as suas reconhecidas credenciais, sendo de destacar a interpretação de “A noite (milhões de barcos)”, ou ainda “Eres tu”, de J.C. Calderon, (prémio da canção) e “Lisboa antiga”, de José Galhardo e Raúl Portela que deliciaram coralistas e assistência.

Trata-se de juntar às peças clássicas e eruditas a música popular. Uma pequena revolução no repertório tradicional, uma lufada de ar fresco, como há anos se fez nas bandas ao introduzir estes mesmos temas.

O maestro, Jorge Pires Ferreira, de Fermentelos, pressente que este é o melhor caminho.

Magnífica noite

Intervalo para algumas intervenções e troca de lembranças.

Leontina Novo mostrou-se grata por poder assistir a “esta magnífica noite” e elogiou o trabalho de todos, de tal modo que “conseguem transmitir harmonias musicais, como se fossem um só”. Do trabalho de todos “resultou este trabalho tão bonito”.

Referiu ainda a disponibilidade da parte da Câmara para apoiar estas iniciativas, de modo que “vão evoluindo na qualidade”.

O comendador Adolfo Roque, pondo de lado as mágoas por causa do maus resultados do “seu” F.C. do Porto, mostrou-se duplamente feliz. Estava numa igreja que teve como grande construtor e responsável pelo recheio da igreja de Oiã o padre Abel Gomes da Conceição e Silva, um homem natural de Barrô, que manteve sempre a sua linha de forte carácter que nem a prisão o fez mudar de rumo, “um homem de grande valor e de grandes convicções”.

Por outro lado, tinha sido uma noite cultural forte, reconhecendo que “o homem se realiza também pela cultura, resolvidos os problemas de cama e mesa”.

Aliás, segundo o empresário de sucesso, os grupos corais constituem, para além da música, um pólo de convívio, onde se criam amizades; além disso, há “um aspecto salutar” que se prende com os ganhos físicos e mentais de quem canta. Ao respirar fundo, quem ganha é todo o corpo e isso “concorre para que a vida seja cada vez melhor”.

Referindo-se ao espectáculo em si e à participação de todos, concluiu: “tivemos todos uma actuação esplêndida”.

Encerrou o presidente da direcção do Grupo Coral de Oiã, Armando Branco, a quem coube os agradecimentos gerais, seguindo-se então a entrega de lembranças aos presidentes das direcções, consubstanciadas em livros e medalha da cidade de Oliveira do Bairro por banda da Câmara; salvas de prata comemorativas da parte da Junta, e de uma jarra em porcelana comemorativa do evento, a cargo do grupo organizador - enquanto os maestros recebiam ramos de flores, beijos e sorrisos.

E não podia ter encerrado melhor o encontro de coros do que fazer revoar na ampla nave da igreja de Oiã por todos os coralistas dispersos pelos bancos e coxias o “cantate jubilo” que cria sempre grandes emoções e uma sensação de repouso interior.

Terceira parte em grande

A terceira parte teve realização no refeitório da Escola C+S, por gentileza do conselho executivo. Houve caldo verde, feijoada (confeccionada em restaurante da Quinta de S. Simão, Esgueira, também por simpatia e generosidade do casal que apadrinha o GCO, há muitos anos), doçaria e vinhos. Para além do convívio e fazer de amizades e muita alegria.

Em tempo de contensão, será de referir que muito do vinho consumido foi trazido pelos elementos do grupo e que alguns garrafões vieram de Águas Boas, oferecidos por vários lavradores. Já os bolos foram todos confeccionados pelas coralistas que mostraram aqui também a sua saborosa arte.

É que apesar da contensão, o grupo coral de Oiã preza-se pela arte de bem receber, ainda que tenha de sair dos bolsos de muitos aquilo com que se compram os melões, e não só.

Enfim, os elementos ainda desembolsam para cantar e levar longe o nome da freguesia e do concelho.

Armor Pires Mota
Diário de Aveiro



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