A assembleia da SIMRIA, empresa de saneamento do grupo Águas de Portugal, aprovou ontem o relatório de 2004, mas com o voto contra da Câmara de Aveiro, com quem mantém um diferendo relativo às tarifas. Em comunicado, em que sugere a demissão do administrador da empresa, Fernandes Thomaz, o presidente da Câmara de Aveiro, Alberto Souto, justificou o voto contra o Relatório de Actividade e Contas de 2004 por integrar valores "ilegitimamente facturados" à autarquia, por não ter sido revisto o estudo económico da empresa e por a administração "não estar a cumprir o contrato de concessão com o Estado". "Votamos contra o Relatório porque integra os valores ilegitimamente facturados à Câmara de Aveiro, estando a Administração ciente de que o não devia fazer; as contas são, pois, fantasiosas e foi preciso que o Revisor Oficial de Contas chamasse atenção para esse facto", lê-se no comunicado do presidente da autarquia. Alberto Souto afirma ainda que "a Administração não promoveu atempadamente a revisão do estudo económico da SIMRIA, que permitiria evitar um aumento de 300 por cento nas taxas e não tem cumprido o contrato de Concessão que celebrou com o Estado", concluindo que "são faltas de gestão, todas elas muito graves para a SIMRIA". Contactado pela Lusa, Fernandes Thomaz escusou-se a comentar a alegada inclusão de "valores ilegitimamente facturados" e disse que o estudo económico da empresa "é revisto anualmente". Já quanto ao legado incumprimento do contrato de concessão, lembrou que a actividade é supervisionada por um instituto regulador e pelo Ministério do Ambiente, sem que nada tenham apontado à empresa. "Não sei em que é que estamos a incumprir", observou. Sobre o diferendo em relação às tarifas a cobrar pela SIMRIA, Fernandes Thomaz afirmou que "já disse tudo o que tinha a dizer", mas Alberto Souto nega que "tenha impedido que o administrador resolvesse a questão". "A verdade é que, passados muitos meses sem que a Administração da SIMRIA a conseguisse resolver, o senhor ministro do Ambiente [Amilcar Theias] me disse que iria, ele mesmo, tentar resolver o assunto(...)e tudo ficou como estava", sustenta o autarca. Para Alberto Souto, "o problema com a Câmara de Aveiro só não está resolvido porque o Governo do PSD não o quis resolver". Alberto Souto sugere mesmo ao administrador da SIMRIA que se demita, em vez de "ficar à espera do fim do mandato ou da indemnização a que tiver direito" porque "desapareceu o critério de confiança política que determinou a sua contratação". à Lusa, o Fernandes Thomaz garantiu que se vai manter no cargo "enquanto os accionistas o quiserem", salientando que o Relatório foi hoje aprovado "por 91 por cento do capital", e que a assembleia geral aprovou também um voto de louvor à sua administração, só com o voto contra da Câmara de Aveiro. "Esta administração viu sancionado todo o seu trabalho ao longo de 2004", declarou Fernandes Thomaz, que diz não reagir à acusação de gestão política "para não levantar mais polémicas". Diário de Aveiro |