O deputado municipal de Aveiro António Coimbra (PSD) acusou o presidente da Câmara local, Alberto Souto (PS), de estar a defender os interesses do PS e não os do Município num diferendo com a empresa de saneamento SIMRIA. "Não vejo os outros autarcas a contestar como o nosso e é por razões partidárias que o faz", criticou António Coimbra, que lidera a bancada do PSD na Assembleia Municipal, na reunião daquele órgão realizada segunda-feira. Alberto Souto defendeu publicamente a substituição da administração da SIMRIA - empresa pertencente ao grupo Águas de Portugal que gere o sistema multimunicipal de saneamento da Ria de Aveiro -, "por incapacidade em resolver a contento de todos" o diferendo em relação às tarifas a aplicar. A Câmara de Aveiro tem-se valido de uma condição suspensiva do contrato com a SIMRIA para recusar a aplicação do tarifário daquela empresa que, segundo Alberto Souto, se traduziria em aumentos gravosos para os consumidores. Enquanto isso, continua a enviar os efluentes urbanos para a sua estação de tratamento de águas residuais, que permanece por integrar no sistema multimunicipal. Segundo o autarca, "a Câmara de Aveiro não está a querer nenhum favor especial, apenas a revisão dos pressupostos financeiros, para que todos beneficiassem de aumentos suaves ao longo de cinco anos". "Quando o problema ganhou acuidade, porque ficaram prontas as condutas e se iniciou a facturação, com o governo PSD/CDS-PP, era necessário resolver a questão e infelizmente não quiseram. A administração da SIMRIA sabe que é possível resolver a contento de todos, mas transigiu com a gestão partidária da questão", justificou Alberto Souto à Assembleia Municipal. "Isto podia resolver-se facilmente se não houvesse má vontade política", disse. Os social-democratas têm outra leitura e Armando Vieira, que integra o conselho de administração da SIMRIA, retorquiu que a razão do diferendo está na falta de capacidade financeira da autarquia para cumprir com as condições contratuais, enquanto António Coimbra insistiu que Alberto Souto pretende é substituir os actuais administradores por socialistas, o que levou o presidente da Câmara a reagir. "Era o que mais faltava ser acusado de critério partidário, mas vamos à questão política: quem fez uma nomeação escandalosamente partidária foi o PSD, promovendo o saneamento político total da anterior administração. O município de Aveiro é responsável por 50 por cento do efluente a tratar pela SIMRIA e de 10 por cento do capital. Mesmo quando a Câmara de Aveiro era CDS e o governo PS, o município estava na administração da empresa e defendi que, por sensatez, devia continuar a ter pelo menos um representante", disse o presidente da autarquia. Para Alberto Souto, "o accionista maioritário deve fazer cessar o critério partidário" nomeando nova administração, com capacidade para resolver os problemas.Diário de Aveiro |