Um novo projeto de investigação, liderado por investigadora natural de Oliveira do Bairro, pretende adaptar a tecnologia biofeedback ao tratamento de doentes de longa duração com sequelas funcionais de AVC, em ambiente domiciliar.
A decorrer no Instituto Politécnico de Leiria, este foi um dos 15 projetos contemplados com uma das Bolsas de Ignição financiadas pelo INOV C 2020, um projeto com fundos do FEDER que pretende alavancar ideias de empreendedorismo e inovação a nível nacional.
O objetivo da investigação é a criação de uma interface gráfica, para computador ou tablet, com programas de exercícios destinados especificamente à reabilitação de pacientes que sofreram de um AVC.
Um sistema de recolha, filtragem e amplificação do sinal eletromiográfico permitirá monitorizar os parâmetros do paciente em cada sessão realizada em casa. Os dados armazenados são posteriormente analisados pelos terapeutas e profissionais de saúde, de forma a acompanhar a evolução do paciente, alterar o tratamento ou prescrever novos exercícios.
“A principal vantagem do projeto é a autonomia proporcionada aos pacientes crónicos na recuperação de um AVC. A reabilitação depende em parte dos serviços de saúde e os índices revelam-se baixos, dado que 70% dos pacientes mantêm sequelas físicas graves depois de quatro anos. Se o tratamento for realizado no domicílio, com constante acompanhamento do terapeuta, a reabilitação será mais eficaz e o profissional de saúde poderá assistir um maior número de pacientes”, explica Marlene Rosa, fisioterapeuta doutorada em Tecnologias da Saúde e investigadora no Instituto Politécnico de Leiria.
Do projeto deverá resultar uma versão demo do programa de biofeedback e a validação clínica do mesmo. O biofeedback é uma tecnologia que permite analisar parâmetros de atividade muscular, cuja aplicação se tem estendido a várias áreas da saúde. A equipa do Instituto Politécnico de Leiria é constituída por Marlene Rosa, investigadora principal, e Augusto Pascoal, doutorado em Motricidade Humana. A Kinetikos é também colaboradora externa do projeto, responsável pela programação da interface gráfica.
As Bolsas de Ignição do programa INOV C 2020 foram atribuídas em julho de 2018 a quinze projetos de investigação científica com aplicabilidade comercial. Os projetos representam um investimento total de 150.000 mil euros, com um financiamento FEDER máximo de 8.500€ por cada bolsa.
Do consórcio INOV C 2020, liderado pela Universidade de Coimbra, fazem parte dez parceiros nucleares: o Instituto Politécnico de Coimbra, o Instituto Politécnico de Leiria, o Instituto Politécnico de Tomar, o Instituto Pedro Nunes, o ITeCons, o SerQ, a ABAP, a Obitec e o TagusValley.
O INOV C 2020 é um projeto estratégico cofinanciado pelo Centro 2020, através do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER), com um prazo de execução compreendido entre 18 de abril de 2017 e 17 de abril de 2019. Os parceiros executarão um investimento total de 1.627.614€, sendo o montante de 1.383.472€ financiado pelo FEDER.
O objetivo do projeto INOV C 2020 é consolidar a Região Centro enquanto referência nacional na criação de produtos e serviços resultantes de atividades de Investigação & Desenvolvimento. A consolidação do Ecossistema de Inovação, através da incorporação de uma oferta ampla de recursos, infraestruturas e respostas a desafios específicos, faz também parte da sua missão. O INOV C 2020 segue-se ao Programa Estratégico INOV C, executado entre 2010 e 2015.
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